Indústria enfrenta queda na atividade e aposta no crédito e na Construção Civil

Setores de infraestrutura, construção e celulose e papel têm forte presença e podem liderar transição digital e ecológica - Suzano/Divulgaçã...

Setores de infraestrutura, construção e celulose e papel têm forte presença e podem liderar transição digital e ecológica - Suzano/Divulgação

Análise da FIEG aponta desaceleração no IBC-Br em setembro, enquanto BNDES amplia oferta de recursos e setor de construção projeta crescimento para 2026

Por Emerson Tormann | Atualidade Política

O cenário econômico brasileiro atravessa um momento de sinais contraditórios nesta reta final de 2025, exigindo cautela e planejamento estratégico do setor produtivo.

Segundo o Painel Semanal divulgado nesta quarta-feira (19) pela Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG), enquanto os indicadores de atividade mostram arrefecimento, o mercado de crédito e setores específicos, como a construção civil, apontam para uma resiliência surpreendente.

Freio de mão puxado

O dado que acendeu o alerta na indústria foi o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB. O índice registrou queda de 0,24% em setembro, um resultado pior do que a retração de 0,10% esperada pelo mercado. Essa desaceleração reflete o peso da política monetária restritiva que ainda vigora no país.

Para o setor industrial, a perspectiva de alívio nos juros foi adiada. A FIEG projeta que o Comitê de Política Monetária (Copom) só iniciará o ciclo de cortes da taxa Selic em janeiro de 2026, com algumas consultorias já cogitando o início apenas em março.

Crédito e Construção Civil

Na contramão da desaceleração geral, o governo e o BNDES têm atuado de forma anticíclica. As aprovações de crédito pelo banco de fomento atingiram R$ 139,2 bilhões nos primeiros nove meses de 2025.

Essa injeção de liquidez é vital para a manutenção dos investimentos. O relatório destaca que o ambiente é particularmente favorável para o mercado imobiliário e para a construção civil, setores que empregam massivamente técnicos industriais e engenheiros. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) já projeta um crescimento mais robusto para o setor em 2026, impulsionado por custos de financiamento menores via BNDES. 

Cenário internacional e custos

A indústria nacional também deve manter atenção ao cenário externo. A economia norte-americana segue aquecida, com o PIB dos EUA projetado para crescer 4,2% no terceiro trimestre. A força da economia americana pode manter o dólar valorizado, pressionando os custos de importação de insumos e máquinas. 

Além disso, a inflação interna dá sinais de vida. A segunda prévia do IGP-M de novembro registrou alta de 0,32%, acelerando em relação ao mês anterior. Como o IGP-M é o indexador de muitos contratos industriais e de aluguel, isso representa um aumento direto no custo fixo das empresas.  

Para os industriais e técnicos, o momento é de "esperar para ver", mas com projetos engatilhados. A aposta reside na capacidade do crédito oficial sustentar a ponte até 2026, quando se espera que a queda dos juros destrave de vez o crescimento.

Cotações das Commodities

Painel Semanal

Produto	Var. Semanal	Var. Mensal
Soja	▲ 3,6%	▲ 13,1%
Trigo	▲ 2,0%	▲ 8,5%
Açúcar	▲ 3,2%	▼ -5,2%
Boi Gordo	▲ 3,2%	▼ -8,4%
Milho	▲ 1,1%	▲ 3,4%
Café	▼ -1,7%	▲ 4,5%
Alumínio	▼ -3,1%	▲ 0,5%
Petróleo	▼ -0,4%	▲ 5,9%