Tarifas de Trump – EUA podem confiscar reservas internacionais do Brasil?

Estados Unidos podem confiscar reservas do Brasil? Fernando Horta alerta para os riscos diplomáticos e econômicos dessa medida.

Retaliação bilionária? Os riscos de Trump ao mirar o Brasil. (Foto oficial da Casa Branca por Daniel Torok)

Desdolarização dos BRICS desafia poder financeiro dos EUA

O historiador e doutor em relações internacionais Fernando Horta lançou luz sobre um tema delicado: a possibilidade de os Estados Unidos confiscarem reservas internacionais brasileiras, seguindo o exemplo de ações contra Rússia, Irã e Venezuela.

Segundo Horta, embora os EUA detenham poder militar e influência global para tomar decisões unilaterais, cada ação tem um preço político e econômico. No caso do Brasil, o custo seria muito maior que o de países vistos como “rogue states” pelo Ocidente, como Venezuela ou Iraque. O país é uma das maiores economias globais, integrado aos fóruns internacionais e considerado um ator legítimo no comércio mundial.

Horta alerta que se Trump decidisse bloquear ativos brasileiros, como ações e reservas em bancos americanos, o efeito cascata poderia abalar a confiança de aliados históricos — França, Alemanha, Japão — que veriam risco em manter seus bens em solo americano.

Com o avanço da desdolarização promovido pelos BRICS e a proposta de uma moeda digital multilateral, o poder de barganha do dólar pode ser abalado. Caso as commodities passem a ser comercializadas fora da moeda americana, os EUA teriam um prejuízo bilionário. Retaliar o Brasil seria uma resposta arriscada.

Citando o confisco de ouro e petróleo iraquianos, Horta lembra que os EUA agiram sem contrapartida de ressarcimento. Já a Rússia, ao sofrer congelamento de ativos no exterior, respondeu desapropriando bens estrangeiros em mesma proporção, num movimento calculado e reciprocamente justificado.

A possibilidade de sanções mais duras contra o Brasil existe, mas o preço seria diplomático e econômico demais, podendo desencadear reações globais que enfraqueceriam a posição norte-americana.