Dia do jornalista é comemorado em meio à luta por respeito e valorização

7 de abril celebra a coragem de profissionais que, em zonas de guerra como Gaza, arriscam a vida para noticiar a verdade.

Jornalistas se aglomeram na câmara dos deputados em busca da notícia (divulgação / FP)

Brasil enfrenta uma onda de censura, ameaças e violência contra profissionais da imprensa

Hoje, 7 de abril de 2025, o Brasil celebra o Dia do Jornalista, uma data instituída em homenagem a João Batista Líbero Badaró, assassinado em 1830 por defender a liberdade de imprensa. Mais de um século depois, o espírito de resistência que marcou a trajetória de Líbero segue vivo nos profissionais da comunicação, mas a luta por respeito à profissão nunca foi tão urgente.

Nos últimos anos, os jornalistas brasileiros têm enfrentado uma onda crescente de agressões, impulsionada pela polarização política, pela desinformação e pelo discurso de ódio promovido, em grande parte, pela extrema direita liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

A hostilidade contra a imprensa não é um fenômeno isolado, mas uma estratégia deliberada. Estudos apontam que a extrema direita, no Brasil e em outros países, utiliza ataques aos jornalistas como tática para desacreditar a mídia tradicional e controlar narrativas que sustentam seus interesses. Sob a influência de Bolsonaro, esse comportamento ganhou força durante e após seu governo, com insultos públicos, ameaças e até agressões físicas contra repórteres se tornando alarmantemente comuns.

Nas redes sociais, onde a polarização encontra terreno fértil, o problema se amplifica: teorias conspiratórias, como as que acusam a imprensa de fabricar "fake news" a serviço de uma suposta elite global, e discursos de ódio inflamam seguidores e transformam jornalistas em alvos.

Dados recentes da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) mostram que os casos de violência contra a categoria dispararam na última década, com picos durante períodos eleitorais e crises políticas. Em 2022, ano de eleição presidencial, foram registrados centenas de episódios de intimidação, muitos ligados a apoiadores da extrema direita.

Essa ofensiva não apenas ameaça a integridade física e psicológica dos profissionais, mas também mina a credibilidade do jornalismo, essencial para a democracia. "O jornalista virou inimigo em um país onde a verdade é disputada como arma política", reflete um veterano da profissão em um post no X, ecoando o sentimento de muitos.

Diante desse cenário, o Dia do Jornalista de 2025 é mais do que uma celebração — é um grito por reconhecimento e proteção. Nas redes sociais, a data tem mobilizado mensagens de apoio, mas também de alerta. Profissionais e entidades reforçam a necessidade de lutar por melhores condições de trabalho, pela valorização da ética jornalística e pelo fim da impunidade contra agressores. A obrigatoriedade do diploma, um símbolo da formação qualificada, também volta ao debate como forma de fortalecer a categoria.

Enquanto a extrema direita segue apostando na desinformação para silenciar vozes críticas, os jornalistas brasileiros resistem, carregando o legado de Líbero Badaró. A data de hoje é um lembrete de que a imprensa livre é pilar de uma sociedade democrática — e de que defendê-la exige coragem, especialmente em tempos tão sombrios.

Casos recentes no DF, RJ e SP evidenciam os riscos da profissão e a pressão sobre quem defende a informação livre

📌 Ameaças e Violência Digital

DF: As jornalistas Gabriela Biló e Thaísa Oliveira (Folha de S.Paulo) sofreram ataques massivos nas redes após cobrirem os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Acusadas falsamente de entregar dados de uma pichadora ao STF, tiveram informações pessoais expostas.

RJ: A apresentadora Luciana Barreto (TV Brasil) denunciou ataques racistas à Decradi. Autores podem responder por injúria racial e danos morais.

SP: O repórter Thiago Herdy (UOL) teve dados fiscais e endereço vazados após investigar contratos suspeitos na gestão de Ricardo Nunes (SP).

DF: Paulo Motoryn (The Intercept) recebeu ameaças de morte após revelar que um condenado pelos atos de 8/1 vive impune na Argentina.

⚖️ Censura Judicial

RJ: A Justiça fluminense censurou o portal Metrópoles, obrigando a retirada de reportagem sobre suposto esquema de propina envolvendo o ex-procurador Marfan Martins Vieira. O veículo e o repórter Arthur Guimarães respondem a ação por danos morais.

🛡️ Decisão do STF Protege Imprensa

O Supremo reforçou que veículos só podem ser responsabilizados por entrevistas caluniosas se agirem com má-fé. A decisão busca frear censura indireta e o assédio judicial contra jornalistas.

✊ Memória e Reparação

RJ: A viúva do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pela ditadura em 1975, receberá pensão vitalícia como reparação. O caso simboliza a luta histórica por justiça e liberdade de imprensa.

🏆 Reconhecimento

RS: O empresário Jayme Sirotsky (Grupo RBS) recebeu o Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa por sua defesa incansável da democracia e do jornalismo.

🔍 Para mais informações, acesse o site Tambor da Aldeia e acompanhe a cobertura completa.

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Boletim resumido com base em reportagens de 31/03/2025. Fontes: Abraji, ABI, ANJ e veículos citados.