José Genoino projeta 2026: “Não podemos ter um mandato de continuidade burocrática”
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| Horta da Verdade (Youtube/Reprodução) |
Cenários Políticos para 2026: A visão crítica de José Genoíno em meio a pesquisas favoráveis a Lula e fragmentação na direita
O cenário político para as eleições de 2026 já começou a ser desenhado em dezembro de 2025, mas não apenas nas articulações partidárias. Para o ex-deputado federal e ex-presidente do PT, José Genoino, a disputa estratégica pelo futuro do Brasil passa pelo enfrentamento de feridas institucionais que ele considera ainda abertas. Em entrevista ao historiador Fernando Horta, Genoino apresentou uma análise contundente sobre os desafios do governo Lula e as táticas necessárias para a esquerda no próximo pleito.
"Golpe em aberto" e a crise institucional
Genoino sustenta que o Brasil vive sob um "golpe em aberto" desde 2016. Segundo ele, a ordem constitucional de 1988 foi violentada e não houve, desde então, um processo de radicalização democrática que restabelecesse a plenitude institucional [10:25].
O ex-deputado demonstrou forte preocupação com as discussões sobre a "dosimetria" das penas dos envolvidos em tentativas de ruptura democrática. Para ele, essa negociação sinaliza uma tentativa das elites de repetir o padrão histórico brasileiro: "mudar alguma coisa para que nada mude", poupando o "andar de cima" e mantendo a tutela militar sobre a política civil [15:23].
Transformação em vez de continuidade
Para Genoino, o eventual quarto mandato de Lula em 2026 não pode ser uma "continuidade burocrática" ou um "reformismo de baixa tensão". Ele defende que a campanha deve focar em três eixos centrais: Soberania Nacional, Democracia e Direitos do Povo [01:04:50].
Ele critica o modelo atual de governabilidade, afirmando que a aliança com o "Centrão" atingiu seu limite. A proposta de Genoino é o que ele chama de "governabilidade tensionada": o governo deve manter diálogos institucionais, mas sem se diluir no status quo ou abrir mão de uma pauta antisistema neoliberal [24:40]. "O PT tem que ficar à esquerda do governo", afirmou, destacando que o partido precisa de autonomia para criticar e propor avanços, evitando ser apenas um "legitimador" do Congresso [29:40].
Desafios econômicos e a "financeirização"
Um dos pontos mais críticos da entrevista foi a política econômica. Genoino argumenta que o sucesso em 2026 depende do enfrentamento à "financeirização" da economia, personificada nos juros altos e nas travas do arcabouço fiscal.
“Se não mexermos no arcabouço fiscal, na meta inflacionária e não enfrentarmos a financeirização... não teremos um modelo de desenvolvimento autônomo”, alertou [23:31]. Ele defende que setores como saúde, educação e salário mínimo devem ser protegidos da lógica do ajuste fiscal severo para que o povo sinta melhorias reais na qualidade de vida.
Um dos pontos mais críticos da entrevista foi a política econômica. Genoino argumenta que o sucesso em 2026 depende do enfrentamento à "financeirização" da economia, personificada nos juros altos e nas travas do arcabouço fiscal.
“Se não mexermos no arcabouço fiscal, na meta inflacionária e não enfrentarmos a financeirização... não teremos um modelo de desenvolvimento autônomo”, alertou [23:31]. Ele defende que setores como saúde, educação e salário mínimo devem ser protegidos da lógica do ajuste fiscal severo para que o povo sinta melhorias reais na qualidade de vida.
Estratégia legislativa e o perigo da direita unida
Olhando para as urnas, Genoino alerta que a fragmentação da direita em 2025 pode ser ilusória. Ele prevê que, embora existam rachas internos agora, as forças conservadoras e a extrema direita tendem a se unir em torno de um único nome no segundo turno de 2026 [50:17].
Sua estratégia para o Legislativo é clara: impedir que a direita alcance uma maioria de 3/5 na Câmara e no Senado, o que permitiria reformas autoritárias. Ele conclama a esquerda a formar um "bloco dinâmico" e estratégico, indo além de alianças eleitorais pontuais, para sustentar um projeto de transformação estrutural [51:46].
Genoino encerrou a conversa com um tom de "otimismo combativo". Para ele, 2026 é a oportunidade de o Brasil romper com o "voo de galinha" das experiências progressistas anteriores e construir um projeto soberano. "O futuro foi interditado pela hegemonia neoliberal. Nós temos que libertar o futuro", concluiu [51:33].
Assista a entrevista de José Genoino ao canal Horta da Verdade (Fernando Horta), publicada em 21 de dezembro de 2025. Disponível em: https://youtu.be/jvlpvWOoYyY










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