Créditos: divulgação Acedriana Vicente Vogel* Nossas crianças e jovens serão muito mais exigidos para operar no mundo daqui em diante. Isso ...
Créditos: divulgação |
Acedriana Vicente Vogel*
Nossas crianças e jovens serão muito mais exigidos para operar no mundo daqui em diante. Isso porque esse será um mundo ainda mais complexo, mais conectado, mais competitivo e há quem visualize uma tragédia social em curso, que culminará em uma parcela de pessoas descartadas, sem condições de inserção no mundo. Há uma geração de “encapsulados”, com dificuldade de construir conexões sociais de qualidade, que ficam em seus quartos ou com fones de ouvido, evitando se relacionar na vida concreta. Isso posto, a pergunta que fica é: como posso preparar meus filhos para esse mundo?
Muitas atitudes simples em família são potentes e o hábito da leitura é uma delas. Esse exercício atua em diversas frentes, com inúmeros benefícios. Vamos pensar na árdua empreitada que é a redução do tempo na frente das telas. Quando desfrutamos de boas histórias com nossos filhos, ampliamos nossa proximidade e intimidade, enquanto todos - pais e filhos - deixam de lado os equipamentos eletrônicos. Durante a leitura teremos um tempo de escuta, um outro tempo de fala - que expressa a imaginação - e um outro tempo de atenção concentrada, tão rara em nossos dias. Vale ressaltar que a rotina, para virar hábito, leva tempo e investimento de energia, para quem acredita nos benefícios dessa atividade.
Um outro ponto de destaque é o cultivo da curiosidade, base para a criatividade. Ajudar os filhos, por meio da leitura, a pensar como seria se o personagem tomasse um outro rumo ou ainda se tivéssemos que escrever outro final para a história. Faríamos diferente? São momentos muito valiosos para instigar o ato criativo e nos surpreender com as escolhas dos nossos, deixando que eles também se surpreendam com as nossas. Durante a leitura, abre-se um espaço de cumplicidade entre o adulto e a criança, deixando evidente que ambos se importam e valorizam a companhia um do outro, criando memórias afetivas duradouras, condição para uma saúde emocional mais robusta.
Ler é viajar sem sair de casa, é voar sem ter asas e, nesse movimento, ampliar o repertório cultural. Cada universo literário traz consigo diferentes lugares, pessoas e maneiras de fazer as coisas e lidar com as emoções. Isso permite vislumbrar um mundo de possibilidades para além da realidade em que vivemos. Esse alargamento de horizonte confere mais abertura para acolher a diversidade, entender pontos de vista diferentes, respeitar outras formas de ver o mundo, aprendendo a se posicionar com bons argumentos, a partir de boas interpretações dos cenários. Essa dinâmica é valiosa para o desenvolvimento de habilidades linguísticas, cognitivas e sociais.
O universo literário traz inúmeras possibilidades para conversas difíceis por meio da ludicidade e da ficção. Morte, tristeza, separação e desigualdades são temas importantes para uma família. Com uma conversa franca e genuína são identificados os pontos de vista diferentes e possíveis alinhamentos entre eles. Esse tom de conversa em família encoraja e amplia a confiança dos filhos em si mesmos e auxilia na hora de encarar situações desafiadoras do seu dia a dia, ajudando a lidar com as emoções que surgem a partir dessas situações. Entender o que você e o outro sentem e por que sentem é uma preciosa condição para se relacionar em um mundo em que precisamos ser autores da nossa própria história e contribuir com a história dos que nos cercam.
Uma coisa é certa: quanto antes iniciar a leitura na vida dos seus filhos, melhor! Os livros são portais para mundos imaginários, aventuras emocionantes com personagens fascinantes. Por meio da leitura, as crianças são incentivadas a usar sua imaginação para projetar cenários, criar diálogos e produzir enredos inéditos. Celebre a magia da leitura em sua casa, pois ela alimenta mentes brilhantes, fortalece os laços familiares, desenvolve o espírito crítico e contribui para que os corações sejam mais generosos.
*Acedriana Vicente Vogel é pedagoga e diretora pedagógica da Aprende Brasil Educação.
COMENTAR