Sem professores, não há aluno, pois é na orientação e inspiração deles que o aprendizado floresce. CEF 17 de Taguatinga - Foto: Lúcio Bernardo Jr.
Casos de violência contra os docentes aumentaram depois da pandemia
Casos de violência contra os docentes aumentaram depois da pandemia, tornando-se uma triste realidade no cotidiano educacional. Com a transição abrupta para o ensino remoto em decorrência da pandemia da Covid-19, muitos acreditavam que o uso de recursos digitais traria benefícios ao ensino, como uma comunicação mais próxima entre estudantes e professores. No entanto, especialistas em educação e entidades sindicais identificaram uma crescente onda de violência e hostilidade nos ambientes virtuais, onde discursos de ódio proliferam, tornando os professores alvos frequentes. As redes sociais e aplicativos de mensagens são usados para desrespeitar, hostilizar e até mesmo agredir os educadores, gerando consequências sérias para sua saúde física e mental.
O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Estado do Rio de Janeiro (Sepe) registrou um aumento nas queixas, com estudantes e responsáveis utilizando as redes sociais dos professores e aplicativos de mensagens para atacá-los de forma agressiva. Em um incidente recente, uma professora do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, foi agredida fisicamente por um aluno devido a um desafio publicado no TikTok. Esses ataques virtuais incluem linchamentos virtuais, cyberbullying e gravações não autorizadas com o intuito de humilhar os profissionais.
Diante dessas agressões, a orientação sindical é buscar as autoridades competentes para responsabilizar os agressores e seus pais. Em casos mais graves, o departamento jurídico do sindicato oferece apoio, e em situações críticas, a recomendação é procurar delegacias especializadas em crimes cibernéticos.
Diversas motivações alimentam essas violências, mas uma tese apresentada pelo pesquisador Antônio Álvaro Soares Zuin, em seu livro "Cyberbullying contra professores," lança luz sobre a hostilidade dos alunos contra os professores no ambiente virtual. A era da concentração dispersa, impulsionada pelas tecnologias de comunicação, cria uma rivalidade entre dispositivos digitais e professores, tornando desafiador manter a atenção dos alunos em sala de aula.
A relação entre professores e alunos pode ser influenciada pelo ambiente escolar e pelas práticas pedagógicas. Quando a escola não favorece o diálogo, silencia os estudantes e o professor adota uma postura autoritária, as agressões dos alunos podem ser potencializadas. É essencial repensar o significado da autoridade educacional, promovendo um espaço de diálogo e resolução de conflitos, em vez de punições. Transformar a escola em um ambiente de cooperação e aprendizado mútuo é fundamental para combater essas agressões, sejam elas presenciais ou virtuais.
Além disso, projetos de educação digital direcionados a crianças e jovens, como o programa "Educação midiática na prática", podem contribuir para prevenir e combater a violência na internet, promovendo o desenvolvimento do senso crítico e da responsabilidade nos ambientes virtuais.
Contudo, a responsabilidade não recai apenas sobre as instituições de ensino, mas sobre toda a sociedade, incluindo a família e o poder público. A formação de cidadãos éticos e responsáveis requer um esforço coletivo para promover um uso saudável da internet.
Agressões em Escolas: 8 em 10 Professores Brasileiros Relatam Violência em 2023
A violência contra educadores no Brasil teve um aumento significativo em 2023, com 20% mais casos em comparação ao ano anterior, de acordo com uma pesquisa da ONG Nova Escola e do Instituto Ame Sua Mente. Oitenta por cento dos professores relataram ter enfrentado alguma forma de violência no ambiente escolar. A maioria das agressões é verbal (76%), seguida por violência psicológica (41%) e física (10%). A maioria dos agressores são alunos (60%), mas pais também representam uma porcentagem considerável (31%). Além disso, muitos educadores têm se afastado do trabalho devido a problemas de saúde mental.
Fortalecimento da educação brasileira como pauta internacional
No governo Lula, diversas ações estão sendo implementadas em benefício dos educadores brasileiros. A Secretaria de Educação Básica (SEB), por meio da Diretoria de Formação Profissional e Inovação (Difor), estabeleceu parcerias com cerca de 26 universidades em todo o Brasil, proporcionando formação continuada para profissionais de educação, incluindo professores, diretores, gestores e técnicos escolares. Essas parcerias focam na melhoria da qualidade da educação em todas as etapas da Educação Básica, preparando os profissionais para enfrentar os desafios contemporâneos.
Com a participação de Reuniões Técnicas do Grupo de Trabalho (GT) em Educação do G20, o Brasil se destacou no encontro em Pune, na Índia, que aconteceu em junho deste ano.
O grupo é composto por ministros de Educação e pelas maiores economias do mundo e a União Europeia. O ministro da Educação, Camilo Santana (PT/CE), representou o Brasil no encontro e propôs a criação do Prêmio G20 Educacional e a priorização da formação de professores e da valorização docente como temas fundamentais nas discussões educacionais internacionais.
Em uma declaração à Agência Brasil, Santana afirmou: “Em educação, estabelecemos a formação dos professores e a valorização docente como temas prioritários para o próximo ano, reconhecendo a importância do professor na trajetória dos estudantes e, por consequência, na qualidade da educação.” Essa atuação internacional demonstra o comprometimento do governo com a educação como um valor global.
Outras Ações
O Ministério da Educação (MEC) realiza lives e encontros semanais para apoiar os processos de gestão no contexto escolar. O Comitê Gestor Nacional monitora a Política Nacional de Formação de Profissionais da Educação Básica, buscando aprimorar a formação de professores e valorizar a carreira docente.
A Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) também investe na valorização dos professores, com medidas como o reajuste no valor das bolsas para a formação inicial de professores e a criação de novas vagas. Programas como Pibid, PRP e ProEB preparam os professores para enfrentar os desafios em sala de aula, reforçando o compromisso do governo Lula com a qualidade da educação no Brasil.
No Dia do Professor, é fundamental reconhecer os desafios enfrentados pelos educadores e valorizar as ações em andamento para apoiar e fortalecer a profissão docente no país.
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