Reservatório de Santa Maria, Brasília, DF, Brasil 2/5/2017 - Foto: Tony Winston / Agência Brasília

O El Niño e o aquecimento dos oceanos vão atrasar a chegada da estação úmida à região Norte do Brasil, que enfrenta a segunda maior seca desde a registrada em 2009-2010, alertou o Climatempo nesta segunda (16/10).
Dados da consultoria meteorológica indicam que a estiagem no Norte do Brasil deve se prolongar além do usual por causa do fenômeno climático que eleva as temperaturas do Pacífico Equatorial, conjugado ao aquecimento dos oceanos Atlântico Norte.
A previsão é que, no final de novembro a situação melhore no Norte, com as chuvas voltando aos poucos, mas a estiagem deve persistir por todo o verão de 2023/2024. Enquanto isso, na região Sul a previsão é de mais tempestades.
Cenas como a do rio Negro, no Amazonas, que alcançou a marca de 13,59 metros esta semana, levando a capital Manaus à pior seca da história, não são casos isolados.
Na última semana, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgou um estudo mostrando o quanto as mudanças climáticas já desequilibraram o ciclo hidrológico em todo o mundo.
E fez um apelo para que os líderes globais aumentem o compartilhamento de dados para permitir alertas precoces, evitando desastres, e costurem políticas de gestão de água coordenadas e integradas, como parte da ação climática.
Risco hídrico pode custar US$ 5,6 tri até 2050
Secas destrutivas e chuvas fortes estão causando grandes prejuízos, enquanto o derretimento das geleiras aumenta os riscos de inundações e ameaça a segurança hídrica a longo prazo, alerta a OMM.
De acordo com a agência da ONU, cerca de 3,6 bilhões de pessoas – metade da população do planeta –
não têm acesso a água suficiente pelo menos um mês por ano e este número pode aumentar para mais de cinco bilhões até 2050.
“Uma atmosfera mais quente retém mais umidade, causando episódios de precipitação e inundações muito mais fortes. E no extremo oposto, mais evaporação, solos secos e secas mais intensas”, observa Petteri Taalas, secretário-geral da OMM.
Usando dados de 273 estações em todo o mundo, os cientistas descobriram que mais da metade das bacias hidrográficas e reservatórios globais estavam fora das condições normais – a maioria deles mais seca.
A diminuição da umidade na Europa refletiu em rios como o Danúbio e o Reno e até atrapalhou a geração nuclear na França, por falta de água de refrigeração.
Estados Unidos, chifre da África, Oriente Médio e bacias de La Plata (América do Sul) e Yangtze (China) foram outras regiões afetadas pelas secas severas entre 2022 e 2023.
Enquanto isso, a bacia do rio Indo, no Paquistão, testemunhou inundações extremas que levaram a pelo menos 1,7 mil mortes e quase oito milhões de pessoas deslocadas de suas casas.
O derretimento das geleiras também já está bastante evidente. Quem visitou os alpes suíços em janeiro deste ano para o Fórum Econômico Mundial, pode observar o resultado da massa de neve perdida nos últimos dois anos.
“Teremos desafios para obter água para a agricultura, para os seres humanos, para a indústria e também para a produção de energia hidrelétrica”, diz Taalas.
Com informações de EPBR
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