No mês em que a vacina BCG completa 101 anos, médicos brasileiros mostram preocupação com a baixa cobertura vacinal contra a doença Em julho...
No mês em que a vacina BCG completa 101 anos, médicos brasileiros mostram preocupação com a baixa cobertura vacinal contra a doença
Em julho, a descoberta da vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin) completa 101 anos. O imunizante, que foi introduzido no Brasil em 1976, é indicado para proteger as pessoas da tuberculose, especialmente das formas graves, como a miliar, que provoca lesões em vários tecidos e órgãos do corpo; e a meníngea, que afeta o cérebro e a medula espinhal. A vacina pode ser encontrada na rede privada e no Sistema Único de Saúde (SUS), mas a baixa cobertura vacinal preocupa especialistas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a vacina, conhecida por deixar uma marquinha no braço da maioria das pessoas para o resto da vida, seja aplicada imediatamente após o nascimento. Porém, este ano, segundo informações do Datasus, do Ministério da Saúde, a cobertura vacinal da BCG está em torno de 40%.
De acordo com o infectologista Dr. José David Urbaez, do Exame Medicina Diagnóstica, pertencente à Dasa, a maior rede de saúde integrada do Brasil, para uma boa cobertura, o recomendado é que a vacinação seja maior que 90%. “Até 2018, esse percentual ficava próximo dos 100%. A cobertura vacinal foi caindo a cada ano, o que é preocupante, pois a tuberculose é grave e pode matar”, destaca. Dados da OMS indicam que em 2020 foram notificados aproximadamente 69 mil casos novos de tuberculose no Brasil e 4,5 mil pessoas morreram em decorrência da doença.
A vacina BCG é composta pelo bacilo de Calmette & Guérin (sobrenome dos pesquisadores franceses que o desenvolveram), obtido pelo enfraquecimento do Mycobacterium bovis – bactéria que causa a tuberculose, principalmente entre bovinos.
A pediatra Dra. Juliana Sobral, da Maternidade Brasília, também pertencente à Dasa, esclarece que a pequena cicatriz que fica no braço é fruto da reação inflamatória do organismo à bactéria inativada contida na vacina. “Algumas pessoas não possuem a marca e isso não quer dizer que não tenham sido imunizadas. Na verdade, com o avanço da tecnologia na medicina, hoje é possível encontrar vacinas que não provocam a reação”, destaca a médica.
“Ao manter a caderneta de vacinação atualizada, conseguimos prevenir doenças tanto de maneira individual quanto coletiva. Uma criança, com todas as vacinas recomendadas, aumenta a possibilidade de prevenção a doenças que ela poderia pegar. Coletivamente temos um efeito positivo, pois quanto mais crianças vacinadas, menor a chance da circulação do agente causador de doenças”, explica a Dra. Juliana.
Segundo a pediatra, a imunização com a BCG deve ser feita nos primeiros dias de vida. “Em alguns casos, a vacina pode ser aplicada até os quatro anos, mas a recomendação deve vir de um médico especialista”, complementa. A vacina BCG é disponibilizada pela Maternidade Brasília logo nos primeiros dias de vida.
Crianças com o sistema imunológico funcionando normalmente apresentam alguns sinais característicos depois da aplicação da vacina BCG. Entenda:
- Uma “bolinha” vermelha é formada no braço, bem no local da aplicação da vacina, e logo depois aparece a pústula (com pus) que, ao drenar, gera uma lesão ulcerada (como se fosse um machucado) e, por fim, forma-se uma casquinha.
- Em questão de semanas, a casquinha cai e se transforma em cicatriz (a famosa marquinha). Todo esse processo leva de seis a dez semanas.
- Febre, enjoo, mal estar não estão associados a reações desta vacina. Se a criança tiver uma reação assim, procure o médico.
- O médico deve ser procurado também se formar nódulos (conhecidos como ínguas) embaixo do braço ou na lateral do pescoço, vazar pus ou se a vacina não cicatrizar passados três meses da aplicação.
A tuberculose é uma doença infectocontagoiosa grave, causada pelo bacilo Mycobacterium tuberculosis (MTB) ou bacilo de Koch, descoberto pelo médico alemão Robert Koch, em 24 de março de 1882.
De acordo com o Dr. David Urbaez, ela é transmitida de indivíduo para indivíduo, por meio das vias respiratórias, ao espirrar, tossir ou falar. “O mais comum é que ela afete o pulmão. Porém, pode atingir também qualquer órgão, entre os mais frequentes estão os rins, ossos e as meninges - membranas que revestem o sistema nervoso central”, conclui o infectologista.
Com informações de Pollyana Cabral - Dasa Brasília
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