MTEC Energia

Opinião - COP 30 e o setor elétrico: o Brasil no centro da transição energética global

Marcelo Mendes*   A realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima - COP30 em Belém coloca o Brasil sob os holofotes...


Marcelo Mendes*

 

A realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima - COP30 em Belém coloca o Brasil sob os holofotes da transição energética global. Com toda essa grande movimentação, o mundo espera de nós, não apenas discursos sobre sustentabilidade, mas sim, demonstrações práticas de como uma economia emergente pode se desenvolver com base em uma matriz limpa, estável e competitiva.

No entanto, para converter essa capacidade em liderança, é preciso fortalecer o setor elétrico em sua infraestrutura, regulamentação e capacidade para inovação.

Sem dúvida, possuímos um ponto de partida vantajoso. Hoje, cerca de 90% da eletricidade consumida no País vem de fontes limpas, frente a uma média global de 40%. Os dados fazem parte de um documento com recomendações estratégicas para o fortalecimento da matriz elétrica brasileira apresentado pela Coalizão do Setor Elétrico, articulado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), com curadoria técnica e estratégica da PSR Consultoria ao embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30.

O material teve o apoio de seis associações do setor e a participação de mais de 70 entidades, reunidas em quatro eixos temáticos: Geração, Transmissão, Distribuição e Consumo.  A pesquisa sugere ações práticas para assegurar que o País mantenha uma percentagem superior a 90% de energia renovável no setor, com uma diminuição de até 176 milhões de toneladas de CO₂ anualmente, unindo descarbonização e progresso industrial.

Entre as demandas apresentadas no documento, destacam-se a modernização regulatória, a eliminação de subsídios ineficientes, o planejamento coordenado da ampliação da infraestrutura elétrica e o incentivo à inovação tecnológica.

Esta é uma agenda madura, que destaca a importância do setor elétrico como líder na transição energética e mostra que o Brasil possui capacidade para liderar, com equilíbrio e responsabilidade, a nova economia de carbono reduzido.

Com todo esse crescente debate, percebe-se claramente que o setor elétrico será sem dúvida, o coração da descarbonização da economia, como defendido por muitos especialistas. É ele que viabiliza a eletrificação de transportes, a indústria verde e o avanço das cidades inteligentes.

No entanto, há um ponto de atenção, ou seja, precisamos discernir matriz limpa de sistema seguro. O Brasil precisa enfrentar a crescente complexidade da operação do sistema, compensando fontes intermitentes como solar e eólica e a geração firme, proveniente de hidrelétricas com reservatórios e térmicas de baixo carbono.

Essa expansão das renováveis precisa vir acompanhada de investimentos robustos em transmissão, digitalização e armazenamento. Esse é o único caminho para garantir que a energia limpa gerada nos extremos do país chegue com confiabilidade aos grandes centros consumidores.

Nos próximos anos, a estabilidade do setor dependerá de como enfrentaremos questões estruturais. Elas envolvem a atualização do marco regulatório, a previsibilidade dos leilões, o aprimoramento da precificação da energia e a integração tecnológica das redes.

Um ponto para ser levado em consideração é de que a falta de uma regulamentação clara ainda impede que se atraiam investimentos de longo prazo, especialmente em iniciativas que precisam de segurança jurídica e um retorno gradual. Desafios que precisam de coragem e um planejamento regulatório.

No entanto, ao olharmos para o futuro com uma perspectiva otimista, sem dúvida, a COP30 servirá para mostrar que o Brasil pode ser um líder não só em geração de energia limpa, mas sim, na governança climática.

Para isso, debater agora o fortalecimento do setor energético incorporado a políticas que fomentem a fabricação local de equipamentos e que refletem na geração de empregos, aumento de renda e inovação, é mais do que necessário.

Com a COP30, o Brasil vive um momento extremamente oportuno para ressaltar o quão o setor elétrico é indispensável para o desenvolvimento da sustentabilidade tão em pauta pelo momento. Para que o setor possa estar no centro da transição energética global precisamos mais do que nunca fomentar o debate da importância dele e agir com visão, ousadia e comprometimento a longo prazo.

 

*Marcelo Mendes é gerente geral da KRJ Conexões. É economista e executivo de marketing e vendas do setor eletroeletrônico há mais de 15 anos, e com atuação em vários mercados internacionais.

 

COMENTÁRIOS

Adasa - Campanha Estiagem 2025

TÉCNICO INDUSTRIAL$type=complex$count=8$l=0$cm=0$rm=0$d=0$host=https://www.etormann.tk

Carregar todos os posts Nenhum post encontrado Ver Tudo Mais Responder Cancelar resposta Deletar Por Início Pág. Posts Ver mais Relacionadas Marcador Arquivo BUSCAR Tudo Sua busca não encontrou nada Voltar Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez agora Há 1 minuto Há $$1$$ minutos Há 1 hora Há $$1$$ horas Ontem Há $$1$$ dia Há $$1$$ Semanas Há mais de 5 semanas Seguidores Seguir Este conteúdo está bloqueado Passo 1: Compartilhe em sua rede social Passo 2: Clique no link compartilhado para retornar Copiar todo o código Selecionar todo o código All codes were copied to your clipboard Can not copy the codes / texts, please press [CTRL]+[C] (or CMD+C with Mac) to copy Súmário