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Opinião - Atividade física tardia: como eu começo a fazer atividade física com mais idade? Quais os cuidados e alternativas?

   Rairtoni Pereira*   “Nunca é tarde para começar”. O antigo adágio popular nunca foi tão citado como nos últimos tempos. Todo mundo está p...

  


Rairtoni Pereira*

 

“Nunca é tarde para começar”. O antigo adágio popular nunca foi tão citado como nos últimos tempos. Todo mundo está percebendo que há uma grande proliferação de academias de ginástica e de personal trainers que têm oferecido suporte a inúmeros praticantes das mais diferentes modalidades ou atividades físicas pelo País.

A busca pelos caminhos da vida saudável tem sido notável e a turma mais madura tem tomado mais gosto pelos exercícios físicos a cada dia. Isso é sensacional e admirável, mas o novo comportamento precisa ser acompanhado de orientação especializada para que os praticantes evoluam, aproveitem e desfrutem dos benefícios, e sem risco de se deparar com adversidades em decorrência dessas mudanças de hábito e comportamento.

Quem tem mais idade e decidiu que precisava se exercitar para melhoramento da sua saúde, disposição e qualidade de vida fez a coisa certa. Contudo antes de iniciar qualquer atividade é preciso que a pessoa mais madura converse com seu médico para identificar suas limitações e tomar precauções, especialmente se tiver problemas nas articulações ou dores crônicas, distúrbios do movimento, diabetes, hipertensão e outras dificuldades ou doenças. Se o interessado puder fazer um check-up antes de começar a se exercitar seria um começo com muito mais segurança.

Depois é muito importante definir um educador físico ou personal trainer para elaborar um plano de treino personalizado e seguro. Este profissional pode montar um treino adequado ao nível do condicionamento que o praticante se encontra. Vai estabelecer os objetivos e considerar as limitações e etapas do progresso. Conseguirá principalmente identificar possíveis restrições ou cuidados particulares do aluno. Assim, também seu pupilo se precaverá de certas lesões.

A  Organização Mundial da Saúde (OMS) faz diferentes recomendações, de acordo com cada faixa etária, para a prática de atividade física. O professor, personal ou treinador físico saberá como proceder para cada grupo etário. O novo atleta (mas com intensa experiência de vida), no entanto, precisa se comunicar com seu próprio corpo e deve entender seus limites e até aonde pode ir, para não se machucar, e sempre ter disposição e mais energia para continuar melhorando seu desempenho. A atividade física tem que ser sobretudo prazerosa, apesar do esforço e desgaste inerente.

Durante a prática de atividade física, o corpo libera diversos hormônios que estão diretamente relacionados ao prazer, bem-estar e à sensação de recompensa. Essas substâncias geram também motivação e foco. Entre elas estão a endorfina que gera a sensação de euforia e bem-estar; a dopamina que produz motivação, prazer e reforça o comportamento positivo (como, por exemplo, permanecer se exercitando); e a serotonina, que estimula a sensação de calma, felicidade e estabilidade emocional.

A ocitocina é liberada mais naquelas atividades físicas feitas em grupo ou com interação social como em esportes coletivos ou dança. Já a adrenalina e noradrenalina estimulam a sensação de empolgação e atuam nos primeiros movimentos do exercício, principalmente naqueles treinamentos de grande intensidade.

Há inúmeras possibilidades e alternativas de exercícios e práticas esportivas para os jovens “bem vividos” ou “jovens há mais tempo”, ou como dizem alguns por aí “jovens que deram certo”. O importante é que o praticante se identifique com a atividade e goste como se fosse um namoro entusiasmado. Às vezes leva tempo e é preciso paciência e até perseverança.  

Atualmente, existe muitas prefeituras pelo Brasil que apoiam centros de convivência de idosos, com promoção de atividades em dança de salão, ginásticas variadas e até tai chi chuan para a terceira idade. Tudo gratuitamente. Para quem não quer gastar dinheiro ou não pode, existe a alternativa das academias ao ar livre, ideia que surgiu na China e onde os idosos praticam muitas atividades físicas de baixa intensidade. Elas têm as explicações básicas autoexplicativas dos movimentos em painéis ao lado dos equipamentos e basta chegar e começar, porque os movimentos não comprometem o corpo se a pessoa estiver saudável.

Exercitar tem muito a ver com a cultura da pessoa. Os idosos orientais se preocupam tanto com sua condição atlética (atleticismo) que praticam um esporte só para eles. Criado no Japão em 1947, o gatebol concebido primeiramente para crianças, acabou adotado para os velhinhos, que ficaram maravilhados com a novidade, principalmente porque podia ser praticado inclusive em idade bem avançada. Além de tudo era muito fácil de aprender e não exigia muito do corpo. No Brasil tem sido praticado pela colônia japonesa e descendentes. Basicamente, o jogador numa pequena quadra tem que impelir uma bola com um taco, que parece um grande martelo de madeira, por debaixo de arcos fixados no chão.

É preciso lembrar que as alternativas de exercícios, esportes e atividades são inúmeras. Para pessoas com mais idade tem sido mais comum a hidroginástica, ginástica geriátrica, musculação adaptada, exercícios funcionais, exercícios com elásticos, alongamento, natação, ciclismo ‘leve’ ou bicicleta ergométrica, dança de salão, pilates, yoga, tai chi chuan, e muitos outros, que inclusive, à primeira vista poderiam até ser inimagináveis ou contraindicados.

No caso de exercícios físicos e ginástica geral ou geriátrica é conveniente verificar o que é melhor para os objetivos do praticante. Atividades de baixa a moderada intensidade e longa duração, os chamados exercícios aeróbicos são saudáveis para o coração e pulmão. Os exercícios de força desenvolvem e dão vigor aos músculos e ossos, e os exercícios de equilíbrio e flexibilidade melhoram a capacidade de movimentação e ajudam a prevenir quedas.

É surpreendente, mas hoje em dia, há veteranos que estão iniciando até nas lutas como jiu jitsu e boxe recreativo (sem contato direto), que não causam lesões se forem praticados com orientação e bom senso.  Agora cresceu o interesse também na marcha atlética, depois da medalha de prata no mundial de atletismo, do vice-campeão olímpico, Caio Bonfim. Apesar de exótica e pouco popular, esta modalidade para os mais vividos têm a vantagem de não gerar impacto nas articulações e de ser fácil de ser praticada. Pode ser feita em qualquer lugar e no seu próprio ritmo, mas é bem cansativa se for praticada em longas distâncias.

Há histórias incríveis de corredores de maratona, um esporte muito extenuante, que começaram bem tarde. O site do Comitê Olímpico Internacional (COI) menciona o atleta tardio, Fauja Singh, um maratonista britânico de origem indiana da etnia sikh, que personifica a frase ‘nunca é tarde demais para começar a fazer o que você ama’.

Tendo começado a correr para superar a dor em 1994, Fauja Singh durante sua carreira estabeleceu vários recordes em diversas faixas de idade. Com 89 anos completou a Maratona de Londres (42.195 metros), sua primeira maratona completa, em 6 horas e 54 minutos. Ele morreu neste ano, com mais de 100 anos, vítima de um atropelamento numa estrada perto de onde nasceu. 

Para aqueles Faluja experientes mais radicais e aventureiros, até o performático surfe tem sido procurado. Há por sinal, o grupo dos chamados ‘surfistas prateados’, com mais de 70 anos, que tiveram aulas na escola de surfe de Santos para aprender o esporte havaiano e acham saboroso ficar em pé em suas pranchas longboards em ondas menores. São sempre supervisionados diretamente por seu professor.

Qualquer que seja a atividade ou esporte, o segredo é começar aos poucos, com segurança e de forma progressiva e sólida. É importante lembrar que o corpo precisa de tempo para adaptação. A ideia é criar naturalmente o hábito do exercício ou da prática esportiva regular é não esgotar a disposição e capacidades do praticante logo no começo, portanto é importante evitar exageros. A atividade física precisa ser sobretudo agradável e estimulante, porque isso aumenta as chances de não haver desistência, uma situação comum infelizmente.

 

 

 

*Rairtoni Pereira dos Santos Silva é Personal Trainer há mais de 10 anos, ajudando pessoas a serem mais felizes com seus corpos. É autor do livro ‘5 Atitudes para criar o hábito de se exercitar todos os dias’.

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