Reajuste da Equatorial Goiás ameaça competitividade industrial, alerta FIEG

Goiânia, 23 de outubro de 2025 - O recente reajuste tarifário médio de 18,5% aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para...

Goiânia, 23 de outubro de 2025 - O recente reajuste tarifário médio de 18,5% aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a Equatorial Goiás, em vigor a partir de 22 de outubro de 2025, tem gerado preocupação no setor produtivo goiano.

A Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG) publicou uma Nota Técnica alertando sobre os graves impactos macroeconômicos e a perda de competitividade da indústria regional.

A decisão da Aneel, que elevou a tarifa média em 18,5% — com aumentos de 17,04% para consumidores de alta tensão (como grandes indústrias) e 19,01% para baixa tensão (residências e pequenos comércios) —, atinge mais de 3,5 milhões de consumidores, incluindo os setores industrial, agropecuário, residencial e rural.

Pressão sobre custos e inflação

Segundo a FIEG, o aumento, embora justificado por custos estruturais do setor elétrico, como encargos setoriais (aumento de 5,98%), aquisição, distribuição de energia e componentes financeiros, cria um cenário de pressão inflacionária no setor elétrico nacional. Para a indústria goiana, a energia elétrica já representa mais de 20% dos custos operacionais em diversos segmentos. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), esse custo pode chegar a 20% a 35% nas empresas de médio e grande porte.

O encarecimento da energia elétrica, conforme a FIEG, tende a reduzir a competitividade das indústrias de Goiás em comparação com outros estados, além de elevar custos logísticos e impactar as cadeias produtivas. As atividades mais afetadas são as intensivas em energia, como alimentos, mineração e metalurgia.

Incerteza e volatilidade tarifária

A Nota Técnica da FIEG também destaca a volatilidade das tarifas em Goiás nos últimos oito anos. Para consumidores industriais e comerciais de alta tensão, os reajustes variaram entre -5,3% e +26,5%, sendo 2025 (com +17,04%) um dos picos, ao lado de 2018 e 2021. Essa instabilidade tarifária é apontada como um fator que gera incertezas orçamentárias e compromete o planejamento financeiro de médio e longo prazo das empresas.

Medidas e diálogo propostos

Diante do cenário, o documento da FIEG apela por um maior diálogo entre o setor produtivo, a Aneel e o Ministério de Minas e Energia (MME), visando a políticas de modicidade tarifária e o incentivo a fontes renováveis. A Federação propõe ainda a busca por alternativas sustentáveis e competitivas, como a geração distribuída (usinas fotovoltaicas), a migração para o Mercado Livre de Energia e programas de eficiência energética.

A crítica ao reajuste foi reforçada por figuras políticas. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, classificou o aumento como um "presente amargo" e criticou o governo federal. A FIEG conclui que é essencial que o Estado de Goiás avance em políticas públicas para favorecer a transição energética e a competitividade industrial, garantindo, com ação conjunta, que o setor produtivo possa mitigar os impactos tarifários.