Quem são os profissionais que movem a indústria brasileira?

Técnicos Industriais: A espinha dorsal na indústria 4.0 e os desafios políticos e econômicos atuais

A demanda por Técnicos Industriais em um cenário de instabilidade econômica

Em um momento em que a confiança da indústria brasileira recua e planos governamentais buscam reaquecer o setor, a formação técnica, historicamente regulamentada pela Lei Nº 5.524 de 1968, emerge como um pilar indispensável para a competitividade nacional e a transição para a Indústria 4.0.

A Lei de 1968, que estabeleceu as atribuições do Técnico Industrial (e Agrícola), como a condução de execução técnica de trabalhos e a responsabilidade por projetos compatíveis com sua formação, moldou gerações de profissionais que hoje são essenciais para a operação e manutenção do parque fabril brasileiro.

Apesar do otimismo em alguns segmentos, o sentimento geral no setor produtivo tem sido de cautela. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) recuou pela sétima vez no ano em outubro, refletindo a piora tanto na situação atual quanto nas expectativas futuras (FGV IBRE). Paralelamente, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) já diminuiu a projeção para o setor em 2025 devido, em parte, à persistência de juros elevados.

Neste contexto de instabilidade, a necessidade de mão de obra altamente qualificada para otimizar processos, reduzir custos e aumentar a produtividade se torna crítica. O ensino técnico é apontado por empresários como o ponto mais forte da educação brasileira e o mais alinhado às necessidades do setor produtivo. Profissionais com essa formação apresentam, em média, maior empregabilidade e remuneração superior àqueles com apenas o ensino médio regular, segundo estudos.

O mercado de trabalho tem demonstrado uma forte absorção desses profissionais. Dados recentes do Sistema Conselho Federal dos Técnicos Industriais (CFT) apontam um crescimento significativo no número de jovens registrados, com destaque para modalidades tradicionais como Eletrotécnica e Mecânica. Entre 2023 e 2024, a procura por registros de egressos do Ensino Técnico cresceu mais de 53% em todo o país (iG Economia).

Essa ascensão de jovens técnicos qualificados é vital para a competitividade em setores estratégicos. No entanto, especialistas e parlamentares têm alertado para a lacuna na formação técnica dentro de grandes programas de fomento, como a "Nova Indústria Brasil", o que poderia comprometer a eficácia do investimento na ausência de mão de obra apta a operar novas tecnologias.

A relevância do Técnico Industrial, cuja profissão é regulamentada há décadas, transcende a simples execução. Eles são a força motriz na implementação de inovações em áreas como a descarbonização da indústria, o desenvolvimento de bioenergia, e a garantia de qualidade e produtividade. O fortalecimento do Sistema CFT/CRTs, criado pela Lei nº 13.639/2018, reforça a valorização e a fiscalização desse exercício profissional, assegurando que o desenvolvimento econômico do país esteja calcado em competência e responsabilidade técnica.

Para o Brasil alcançar o desenvolvimento sustentável e modernizar seu parque industrial, o investimento na educação profissional técnica, como a base formada pelos profissionais da Lei 5.524/68, é inegociável. A ponte entre o conhecimento técnico e a demanda industrial não é apenas uma estratégia, mas a âncora para a superação dos atuais desafios econômicos.