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A ilusão retórica do anarcocapitalismo e o espelho argentino

A recente ascensão de discursos anarcocapitalistas no cenário político-econômico global, com especial ressonância em contextos de crise com...


A recente ascensão de discursos anarcocapitalistas no cenário político-econômico global, com especial ressonância em contextos de crise como o argentino, revela um complexo jogo de linguagem que visa, paradoxalmente, justificar a insatisfação popular e manter o status quo. A análise da essência dessa corrente ideológica sugere que ela opera menos como um projeto viável e mais como uma "jogada" retórica para transformar o presente em passado e, em seguida, projetar um futuro ilusório.

A principal premissa levantada por críticos dessa vertente é a distinção entre o que existe hoje e a idealização do capitalismo. Segundo essa visão, o sistema atual não seria propriamente capitalismo, mas sim corporativismo. A necessidade dessa diferenciação surge do reconhecimento generalizado de que "ninguém mais suporta a realidade": a situação político-econômica é vista como ruim, marcada pela falta de perspectivas para os jovens, a insegurança do trabalhador e as dificuldades de aposentadoria.

Se a realidade atual — com suas mazelas e insatisfações — fosse identificada como capitalismo, essa ideologia seria automaticamente considerada "não boa". A solução retórica encontrada por seus "operadores" é a seguinte: o que existe hoje é corporativismo, e o capitalismo é o futuro.

Essa manobra linguística cumpre um papel fundamental: reempacotar o que é descrito como "algo velho, mofado, carcomido, que é o capitalismo" em "algo novo e revolucionário que as pessoas ainda não conhecem." Vende-se a ideia de que o verdadeiro capitalismo, ainda não implementado, será inerentemente bom e a solução para todos os males.


A contradição da ausência de Estado

A fragilidade teórica do anarcocapitalismo é posta em cheque pela própria definição de um sistema capitalista funcional. Conforme a crítica, a ideia de que possa "haver capitalismo sem Estado é impossível", visto que "é o Estado que garante a propriedade privada", pilar essencial do sistema.

Portanto, o anarcocapitalismo seria vendido como uma "coisa que não existe" — uma utopia de mercado — para catalisar a frustração social. A insatisfação profunda das pessoas com a realidade atual serve de motor para a busca por essa "novidade" revolucionária.

O espelho argentino

No contexto de crises econômicas e alta inflação, como a que a Argentina enfrenta, discursos radicais que prometem uma ruptura total com o "corporativismo" e a instauração de um sistema puro e libertário ganham tração. A promessa de um futuro melhor, que só virá com a desconstrução total do sistema vigente, funciona como um poderoso alívio emocional e político para uma população exausta.

No entanto, a conclusão da análise aponta para a ironia dessa jogada retórica. Embora o anarcocapitalismo se venda como a solução radical para a crise de representação e a falência econômica, seu efeito prático seria o oposto: ele "serve para quê? Para manter as coisas exatamente como estão."

Ao canalizar o descontentamento para uma ideologia que, teoricamente, é inviável sem as estruturas que critica, o movimento pode desviar a atenção de reformas substanciais e servir apenas para a perpetuação das desigualdades e do modelo corporativista que diz combater, trocando apenas os termos e a embalagem.

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