Empresas buscam FIDCs como alternativa ao crédito bancário
![]() |
Na contramão dos bancos: empresas apostam nos FIDCs para financiar o crescimento |
Em um cenário de crédito restritivo, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) consolidam-se como uma alternativa estratégica para empresas que buscam liquidez imediata sem depender da rigidez dos grandes bancos. Com um mercado que ultrapassou R$ 700 bilhões em patrimônio líquido em julho de 2025, os FIDCs registram crescimento robusto, impulsionado por setores industriais, varejistas e agronegócio, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
O mercado de FIDCs no Brasil vive um momento de expansão sem precedentes. Em 2024, o patrimônio líquido dos fundos alcançou R$ 618 bilhões, superando os Fundos de Investimento em Ações (FIA), que somaram R$ 585 bilhões, conforme a Anbima. Estimativas apontam que, considerando os Fundos de Investimento em Cotas (FIC) de FIDCs, o total pode já ter atingido R$ 700 bilhões, com projeções de chegar a R$ 1 trilhão ainda em 2025. O número de fundos ativos também cresceu, ultrapassando 3.000, um aumento de mais de 130% desde 2020.
A captação líquida reflete esse avanço: em 2024, os FIDCs captaram R$ 113,5 bilhões, alta de 184% em relação a 2023. Investidores pessoa física também entraram com força, aportando R$ 15,9 bilhões no último ano, um crescimento de 115,9%, impulsionado pela Resolução 175 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que facilitou o acesso de investidores não qualificados a esses fundos.
Os FIDCs oferecem uma solução atraente para empresas que lidam com alto volume de recebíveis, como duplicatas, parcelas de cartão de crédito e contratos de aluguel. Diferentemente dos empréstimos bancários, que exigem garantias reais, análises de crédito rigorosas e processos demorados, os FIDCs antecipam valores com base na performance da carteira de recebíveis, proporcionando liquidez rápida e menos burocracia.
Setores como indústria, varejo e agronegócio lideram a demanda, especialmente pequenas e médias empresas (PMEs) com faturamento anual entre R$ 50 milhões e R$ 300 milhões. Essas companhias, frequentemente pressionadas por margens apertadas e sazonalidades, utilizam os FIDCs para antecipar recebíveis e estabilizar o fluxo de caixa. Supermercados, por exemplo, têm recorrido a esses fundos para antecipar pagamentos de compras parceladas, evitando a incidência imediata de Imposto de Renda.
“A autonomia é o grande diferencial. Com um FIDC, a empresa define taxas, prazos e políticas de concessão, utilizando sua própria carteira de recebíveis como lastro. Isso reduz custos e acelera o acesso ao capital”, explica Thiago Eik, CEO da Bankme, fintech especializada na estruturação de “Mini Bancos” para PMEs.
Os FIDCs são estruturados em cotas sênior, com prioridade no recebimento e menor risco, e cotas subordinadas, que absorvem perdas iniciais, mas oferecem retornos de até 20% a 30%. Essa divisão atrai diferentes perfis de investidores, de fundos de pensão a family offices. A regulação, por sua vez, tem se tornado mais rigorosa. A CVM e a B3 reforçam exigências de transparência, como registro de lastros e segregação de riscos, o que eleva a confiança no mercado, mas também demanda maior profissionalização.
Apesar dos benefícios, a estruturação de um FIDC tradicional ainda é desafiadora para muitas empresas. O processo pode levar de seis a nove meses, com custos operacionais anuais acima de R$ 500 mil, além de exigir governança robusta e equipes dedicadas.
Diante dessas barreiras, fintechs como a Bankme têm inovado ao oferecer soluções mais acessíveis. A empresa já movimentou mais de R$ 1 bilhão por meio de 160 “Mini Bancos”, estruturas enxutas que permitem a PMEs operar FIDCs em até cinco dias, com custos reduzidos. Todas as operações seguem padrões de compliance, incluindo auditorias contábeis, conformidade com a LGPD e criptografia. “Nosso objetivo é permitir que empresas operem crédito próprio com segurança e agilidade, sem depender do sistema bancário tradicional”, destaca Eik.
O avanço dos FIDCs reflete uma descentralização do crédito no Brasil, em um contexto de juros altos e seletividade dos bancos. Para empresas, especialmente PMEs, esses fundos representam não apenas uma alternativa, mas uma nova lógica de financiamento: mais alinhada às suas operações, com maior controle sobre o caixa e menos dependência de instituições financeiras tradicionais.
“Estamos vendo uma revolução silenciosa no acesso ao crédito. Com suporte técnico e regulatório, as empresas podem criar seus próprios mecanismos de financiamento, impulsionando crescimento e competitividade”, conclui Eik.
Sobre a Bankme
A Bankme é uma fintech que capacita médias empresas a acessar crédito de forma autônoma por meio de “Mini Bancos” ou Smart FIDCs. Regulada pela CVM, a empresa já estruturou mais de 160 operações, permitindo que companhias antecipem recebíveis, financiem clientes e fornecedores e otimizem o fluxo de caixa. Apoiada por fundos como DOMO VC, Apex Partners e Bamboo, a Bankme combina tecnologia e inteligência financeira para transformar o crédito privado no Brasil.
COMENTÁRIOS