Brasília avança com obras e mobilidade: Casimiro e Pagot discutem pontes, urbanização e arco metropolitano para um DF sustentável.
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Do Lago Paranoá ao arco metropolitano: Casimiro e Pagot traçam o futuro de Brasília com obras e logística eficiente - Youtube / Reprodução |
O desafio de preservar a essência planejada de Brasília enquanto a conecta a um futuro sustentável e dinâmico
Brasília, a capital planejada que simboliza a modernidade brasileira, enfrenta o desafio de conciliar seu crescimento acelerado com a preservação de sua identidade urbanística e a promoção de um desenvolvimento sustentável.
Em entrevista concedida ao podcast Vozes de Brasília – Política e Negócios, realizada nesta terça-feira, Luiz Antonio Pagot, ex-diretor geral do DNIT e referência nacional em logística, e Valter Casimiro, Secretário de Obras e Infraestrutura do Distrito Federal (DF), compartilharam suas visões sobre planejamento urbano, execução de grandes obras e os caminhos para conectar Brasília ao futuro.
Sob a mediação de Fábio de Carvalho e George Medeiros, os especialistas abordaram desde a manutenção de pontes icônicas até a necessidade de investimentos em modais alternativos, destacando a urgência de soluções integradas para a mobilidade e a infraestrutura.
O Papel do Planejamento Urbano no DF
Valter Casimiro, com sua experiência como servidor de carreira do DNIT, ex-Ministro dos Transportes e atual Secretário de Obras do DF, enfatizou a importância de um planejamento integrado para atender às demandas de uma cidade que cresceu além de seu projeto original.
“Brasília é uma cidade tombada, o que limita intervenções, mas precisamos garantir a manutenção de sua infraestrutura e criar soluções para a mobilidade urbana”, afirmou.
Ele destacou a restauração da Ponte Costa e Silva e os ajustes na Ponte JK, incluindo a manutenção das juntas de dilatação e a pintura dos arcos, para preservar o caráter estético e funcional dessas estruturas, que são cartões-postais da capital.
Casimiro detalhou o ambicioso plano do Governo do Distrito Federal (GDF), sob a gestão do governador Ibaneis Rocha, para urbanizar regiões que cresceram desordenadamente, como Vicente Pires, Sol Nascente e Arniqueiras.
“Passamos muito tempo sem obras, e agora estamos correndo contra o tempo para entregar infraestrutura. Vicente Pires, por exemplo, está na fase final de pavimentação da Avenida da Misericórdia, com drenagem e calçadas, e Sol Nascente já tem 80% de sua urbanização concluída”, explicou.
Essas intervenções incluem sistemas de drenagem para evitar alagamentos, pavimentação em concreto rígido para maior durabilidade e corredores exclusivos para transporte público, como o da EPTG e o BRT Norte.
O secretário também abordou o projeto de duas novas pontes sobre o Lago Paranoá: a Ponte da Barragem, que conectará Paranoá e Itapoã ao Lago Sul, e a quarta ponte, próxima à academia de tênis, para aliviar o tráfego na Ponte JK. Além disso, mencionou estudos para pontes no Lago Norte, com acessos à BR-020, que facilitarão a ligação com Sobradinho e Planaltina.
“O governador quer lançar os editais ainda em 2025, com obras iniciando em 2026, usando o modelo de contratação integrada para agilizar o processo”, afirmou Casimiro, destacando a colaboração entre secretarias e órgãos como Terracap e IBRAM.
A Visão Nacional de Luiz Antonio Pagot
Luiz Antonio Pagot, com sua vasta experiência em infraestrutura no DNIT e como consultor em logística, trouxe uma perspectiva nacional para o debate, conectando os desafios do DF ao cenário brasileiro. Ele destacou a pressão sobre as rodovias federais devido ao crescimento do agronegócio, que transportou 320 milhões de toneladas em 2023 e projeta 450 milhões para 2030.
“Nossas rodovias são precárias, com problemas de geometria e capacidade. Precisamos de R$ 240 bilhões em 10 anos para modernizá-las, além de investimentos em ferrovias e hidrovias, que demoram a sair do papel”, alertou.
Pagot enfatizou a ineficiência do transporte rodoviário, que opera com 40% de perda devido a gargalos em cidades, falta de contornos rodoviários e problemas nos portos, como Santos e Paranaguá. Ele defendeu a priorização de modais alternativos, como as hidrovias do Tapajós e Madeira, e a dragagem contínua dos rios para reduzir custos logísticos.
“O Brasil ganha em produtividade agrícola, mas perde na logística. Precisamos de programas de longo prazo e parcerias público-privadas (PPPs) para financiar ferrovias, que custam R$ 15 a 20 milhões por quilômetro”, explicou.
No contexto do DF, Pagot sugeriu a criação de um arco metropolitano para desviar o tráfego pesado de carretas (8 a 10 mil por dia) que cruzam Brasília, conectando rodovias como a BR-040, BR-020, DF-100 e DF-130. “Essa é uma solução urgente para separar o tráfego urbano do rodoviário, reduzindo acidentes e congestionamentos”, afirmou, citando o exemplo de Belo Horizonte, onde a falta de um arco metropolitano gera conflitos diários.
Crescimento Sustentável e Desafios
Ambos os especialistas concordaram que o crescimento sustentável de Brasília depende de investimentos estratégicos e de uma visão integrada entre os governos federal e distrital. Casimiro destacou a prioridade do GDF em melhorar a mobilidade urbana, com corredores de ônibus e pavimentos duráveis, como o do Eixo Oeste, que reduzem o tempo de deslocamento e incentivam o uso do transporte público.
“Temos a frota de ônibus mais nova do país e mantivemos a tarifa sem aumento por quase seis anos, para atrair mais usuários e aliviar o trânsito”, afirmou.
Pagot, por sua vez, defendeu a captação de recursos internacionais, como do Banco Mundial ou fundos árabes, para financiar infraestrutura, aproveitando o superávit da balança comercial brasileira. Ele elogiou o modelo de concessões do Paraná, que prevê R$ 100 bilhões em investimentos, como exemplo para o Brasil.
“O governo federal precisa planejar e buscar parcerias, porque o orçamento público sozinho não dá conta”, disse.
Um desafio local apontado por Pagot é o assoreamento do Lago Paranoá, que exige dragagem de manutenção para preservar sua capacidade hídrica. Casimiro reconheceu a questão e confirmou que o GDF estuda soluções, além de responder a demandas comunitárias, como a sinalização de quebra-molas na Rodovia do Sol, para melhorar a segurança.
Conectando Brasília ao Futuro
A entrevista revelou que o futuro de Brasília depende de um equilíbrio entre a preservação de seu projeto urbanístico e a adaptação às novas demandas de uma metrópole em crescimento. A expertise de Casimiro no planejamento e execução de obras locais, aliada à visão estratégica de Pagot sobre logística nacional, aponta para a necessidade de investimentos contínuos, parcerias público-privadas e priorização do transporte público e de modais alternativos.
Projetos como o arco metropolitano, novas pontes e a urbanização de regiões periféricas são passos concretos para reduzir gargalos, melhorar a qualidade de vida e posicionar Brasília como uma capital conectada, eficiente e sustentável.
Com o compromisso do GDF de entregar obras até 2026 e a experiência de líderes como Pagot e Casimiro, Brasília tem a oportunidade de se reinventar, mantendo sua essência planejada enquanto abraça os desafios do futuro.
Como disse Casimiro, “o feedback da população é essencial para ajustar os projetos à realidade”. E Pagot complementa: “É hora de planejar e buscar recursos, porque o Brasil não pode esperar.”
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