Reprodução E a Defesa Antipatriótica dos Bolsonaro Diante das Tarifas de Trump O silêncio ensurdecedor de governadores da direita brasileira...
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E a Defesa Antipatriótica dos Bolsonaro Diante das Tarifas de Trump
O silêncio ensurdecedor de governadores da direita brasileira diante das tarifas impostas pelo presidente americano Donald Trump sobre produtos brasileiros tem gerado uma onda de críticas nas redes sociais e exposto fissuras no discurso nacionalista que marcou o bolsonarismo nos últimos anos. Figuras como Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ronaldo Caiado (Goiás), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ratinho Júnior (Paraná), frequentemente alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, optaram por não se manifestar contra as taxas de 10% sobre exportações gerais e 25% sobre setores como aço, alumínio e automóveis — medidas que ameaçam diretamente as economias de seus estados. Enquanto isso, a família Bolsonaro, diretamente dos Estados Unidos, defende abertamente as ações de Trump, em um gesto que muitos classificam como "absurdo" e "antipatriota".
Omissão dos Governadores: Um Golpe na Economia Local
Em São Paulo, Tarcísio de Freitas, que já posou com o boné "Make America Great Again" e celebrou a posse de Trump em janeiro de 2025, mantém silêncio diante de uma política que pode atingir em cheio a indústria automobilística e de autopeças, responsável por uma fatia significativa das exportações paulistas aos EUA. O estado, que representa cerca de um terço do comércio brasileiro com os americanos, enfrenta perdas iminentes, mas o governador parece mais preocupado em preservar sua imagem de aliado de Trump e Bolsonaro do que em defender os interesses locais.
Em Goiás, Ronaldo Caiado, conhecido por sua retórica em defesa do agronegócio, também se cala enquanto as tarifas ameaçam produtos como soja e carne, essenciais para a economia estadual. A omissão do governador é vista como uma traição ao setor que ele tanto diz representar, alimentando acusações de que sua lealdade ao bolsonarismo supera o compromisso com os produtores goianos.
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Mônica Andrade/Governo do Estado de SP |
Romeu Zema, em Minas Gerais, segue a mesma linha. Com a indústria siderúrgica mineira sob risco devido às taxas de 25% sobre aço e alumínio, a falta de posicionamento do governador é interpretada como uma falha de liderança. Críticos apontam que Zema, assim como seus colegas, evita confrontar Trump para não desagradar a base bolsonarista, mesmo que isso custe caro ao estado.
No Paraná, Ratinho Júnior também não escapa das críticas. Embora menos vocal em sua admiração por Trump, seu silêncio diante do impacto potencial nas exportações paranaenses reforça a percepção de que a direita brasileira está mais alinhada a interesses ideológicos internacionais do que às necessidades do país.
A Defesa dos Bolsonaro: Um Ato Antipatriota
Enquanto os governadores se omitem, a família Bolsonaro vai além: diretamente dos EUA, onde Jair Bolsonaro reside desde sua saída da presidência, ele e seus filhos têm defendido as tarifas de Trump como "necessárias" para proteger a economia americana. Em postagens no X e declarações em eventos conservadores, como um recente encontro da direita em Miami, Eduardo Bolsonaro chegou a afirmar que "o Brasil precisa entender que os EUA vêm em primeiro lugar para Trump, e isso é justo". Flávio Bolsonaro, por sua vez, minimizou os impactos, sugerindo que "o mercado se ajustará" e que críticas às tarifas são "coisa de esquerdista".
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Washington DC 03/04/2025 Presidente dos Estados Unidos Donaldo Trump durante coletiva ao dair da Casa Branca foto Abe McNatt /Whithe House |
Essa postura é vista como um absurdo por muitos brasileiros. Em um momento em que as exportações nacionais — de commodities agrícolas a produtos industriais — enfrentam barreiras que podem custar bilhões à economia, a defesa explícita de uma política estrangeira contra os interesses do Brasil choca até mesmo antigos apoiadores. Nas redes sociais, o termo "antipatriota" ganhou força para descrever a atitude dos Bolsonaro, com usuários ironizando o contraste entre o discurso nacionalista de outrora e a subserviência atual. "Eles falavam em soberania, mas agora aplaudem quem pisa no Brasil", escreveu um internauta no X, resumindo o sentimento de indignação.
Contradições e Cálculo Político
O silêncio dos governadores e as declarações dos Bolsonaro expõem uma contradição gritante na direita brasileira. Líderes que construíram suas carreiras pregando a defesa da pátria agora se veem acuados ou alinhados a uma agenda que prejudica diretamente o país. Analistas apontam que o cálculo político está por trás dessa postura: Tarcísio, Caiado e Zema, cotados como possíveis candidatos em 2026, evitam atritos com Bolsonaro e sua base, enquanto a família, radicada nos EUA, busca manter relevância no cenário conservador global, mesmo que às custas da economia brasileira.
Enquanto isso, a esquerda capitaliza o momento, acusando a direita de "vira-latismo" e "hipocrisia patriótica". O debate nas redes sociais reflete a polarização, mas também uma rara convergência: até setores independentes lamentam a falta de uma resposta unificada em defesa dos interesses nacionais. Com as tarifas de Trump já em vigor, o custo do silêncio e da subserviência pode ser alto — e não apenas em termos econômicos, mas também políticos, para uma direita que parece perdida entre a lealdade ideológica e a realidade do Brasil.
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