Na tentativa de escapar de investigação e processo judicial, Presidente da Argentina Javier Milei ordena investigação após promover criptomoeda falida
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As redes sociais não perdoam! 🚨 Os memes de Javier Milei estão tomando conta do X, com a hashtag #MileiEstafador em alta. A promoção da criptomoeda $LIBRA e a queda vertiginosa do ativo viraram piada na internet. O que você acha dessa onda de críticas ao presidente argentino? 💻😂 |
A publicação do presidente da Argentina sobre o token provocou um escândalo político e foi deletada
A recente polêmica envolvendo o presidente argentino Javier Milei e a promoção da criptomoeda Libra ($LIBRA) expõe uma grave irresponsabilidade por parte do chefe de Estado, que, ao usar sua influência para impulsionar um ativo digital de alta volatilidade, induziu milhares de seguidores a investirem em um projeto que rapidamente se revelou um fracasso. A atitude de Milei não apenas mancha sua imagem, mas também levanta questões éticas e legais sobre o papel de figuras públicas na promoção de investimentos de risco sem a devida transparência e regulamentação.
Na última sexta-feira (9), o presidente argentino Javier Milei promoveu em suas redes sociais um projeto de investimento em criptomoedas para financiar pequenas empresas, mas recuou horas depois, decidindo "não continuar difundindo" a iniciativa, após o colapso do ativo. A manobra é conhecida no trading digital como uma "puxada de tapete". Ela consiste em levantar ativos anunciando um token, como a $LIBRA, e encerrar abruptamente o projeto, gerando prejuízos a quem investiu no ativo.
Milei compartilhou informações sobre o lançamento da criptomoeda Libra, desenvolvida pela empresa KIP Protocol. A postagem, que foi posteriormente deletada, causou um frenesi inicial no mercado, com o valor do ativo disparando para US$ 4,97. No entanto, em poucas horas, a moeda digital sofreu uma desvalorização de mais de 80%, caindo para US$ 0,99. Especialistas em criptoativos classificam a Libra como uma "shitcoin" – um termo usado para moedas digitais de baixa credibilidade e alto risco, muitas vezes associadas a esquemas fraudulentos.
A rápida queda do valor da Libra deixou investidores com prejuízos significativos, muitos deles possivelmente atraídos pela influência e credibilidade do presidente. A oposição argentina não tardou a reagir, classificando a ação de Milei como uma grave irresponsabilidade e articulando um pedido de impeachment contra o mandatário. A coalizão peronista União pela Pátria acusou o presidente de participar indiretamente de um "estelionato cripto", destacando o perigo de figuras públicas promoverem ativos sem lastro ou regulamentação adequada.
Un RETUIT de todos los que piensan que Milei es un delincuente y debe ser destituido ya mismo#MileiEstafador pic.twitter.com/PxcZuDesiS
— Mariana Campos (@camposmar88) 15 de fevereiro de 2025
A situação se agravou com a revelação de que Milei havia se reunido, em outubro de 2024, com Julian Peh, CEO da KIP Protocol, em um hotel privado ligado ao presidente. A reunião, que contou com a presença de membros do governo, levantou suspeitas sobre possíveis conflitos de interesse e a natureza do envolvimento de Milei com o projeto. Embora o presidente tenha negado qualquer vínculo direto com a Libra, sua defesa – de que apenas "apoiou um empreendimento privado" – soa insuficiente diante das consequências de sua ação.
A postura de Milei é ainda mais preocupante quando comparada a casos internacionais semelhantes. Nos Estados Unidos, por exemplo, o ex-presidente Donald Trump também lançou uma criptomoeda, mas a situação de Milei difere pela velocidade com que o ativo promovido por ele entrou em colapso, deixando um rastro de prejuízos entre investidores comuns. Analistas alertam que a promoção de criptomoedas por figuras públicas pode ser extremamente perigosa, especialmente em países com economias instáveis, como a Argentina, onde muitos cidadãos buscam alternativas de investimento em meio à inflação e à desvalorização da moeda local.
Em um esforço para conter a crise, Milei ordenou a abertura de uma investigação sobre o caso, envolvendo o Escritório Anticorrupção e uma unidade especial da Presidência. No entanto, a medida parece mais uma tentativa de se distanciar do escândalo do que um gesto genuíno de transparência. O gabinete presidencial insistiu que Milei não participou do desenvolvimento da Libra, mas essa defesa não apaga o fato de que sua promoção precipitada do ativo teve consequências reais e danosas para muitos argentinos.
A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, saiu em defesa de Milei, argumentando que o presidente tem "liberdade de expressão" para promover empreendimentos privados. No entanto, essa justificativa ignora o peso da influência de um chefe de Estado e o impacto que suas palavras podem ter sobre a população. Promover um ativo de alto risco sem fornecer informações claras sobre seus riscos é, no mínimo, uma atitude irresponsável.
O caso da Libra serve como um alerta sobre os perigos da falta de regulamentação no mercado de criptomoedas e a necessidade de responsabilidade por parte de figuras públicas. Ao usar sua plataforma para promover um ativo especulativo, Milei não apenas colocou em risco os recursos de seus seguidores, mas também minou a confiança em sua liderança. A Argentina, já enfrentando desafios econômicos e políticos, não precisa de mais instabilidade – e muito menos de um presidente que parece ignorar as consequências de suas ações.
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