MTEC Energia

Até quando vai o estresse no mercado de GNL?

Evonik avalia importação de GNL e gás da Bolívia e Argentina - Foto / Divulgação Conflito no Oriente Médio reacende clima de nervosismo no m...

Evonik avalia importação de GNL e gás da Bolívia e Argentina - Foto / Divulgação

Conflito no Oriente Médio reacende clima de nervosismo no mercado de GNL, que só deve voltar ao equilíbrio a partir de 2025


PIPELINE 

Conflito no Oriente Médio reacende clima de nervosismo no mercado de GNL, que só deve voltar ao equilíbrio a partir de 2025. IEA vê pico da demanda por gás ainda nesta década, mas não há consenso no mercado sobre o assunto.

Compass faz emissão de R$ 1,7 bi atrelada a metas de expansão no biometano. Unigel comunica sindicato sobre paralisação da fafen da Bahia e mais. Confira:

OLHO LÁ FORA 

O conflito no Oriente Médio, entre Israel e o Hamas, reacendeu o clima de nervosismo no mercado de gás natural liquefeito (GNL).

Os preços da commodity -- sobretudo na Europa e Ásia -- voltaram a sofrer com a volatilidade em outubro, em meio a um cenário que combinou, num só mês, a guerra na Faixa de Gaza com suspeitas de sabotagem num gasoduto no Báltico e ameaças de greve nos ativos de liquefação na Austrália.

Na Europa, o preço de referência TTF fechou o mês com alta de 14,6%; enquanto, na Ásia, o JKM subiu 23% em outubro.

Mas até quando o estresse do mercado de GNL deve persistir?

A pergunta interessa aos agentes do mercado brasileiro, que, durante os primeiros anos da estruturação do Novo Mercado de Gás, chegou a viver a expectativa de acelerar a abertura do setor por meio de importações de GNL a preços competitivos -- uma janela que se fechou a partir de 2021.

E por que o assunto importa? O Brasil usa o GNL, sobretudo, como fonte de gás flexível para as termelétricas e tem dado, em certa medida, sorte. Desde o pico de preços do GNL em 2022, após a eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia, o país não passou por uma grande crise hidrológica como a de 2021.

Este ano, as importações do gás natural liquefeito estão em baixa: o equivalente a cerca de 1,5% do suprimento da demanda brasileira - muito distante dos 26.7% de 2021.

O setor termelétrico, contudo, não passou incólume nesse período de estresse: a alta dos preços do GNL contribuiu para afastar investidores no último leilão de termelétricas no país, por exemplo.

Além disso, o GNL é também um elemento importante de precificação para o gás como um todo no país, e não só para as termelétricas.

Cerca de 20% do volume contratado pelas distribuidoras estaduais, na nova safra de acordos de suprimento assinados com a Petrobras, está indexado ao Henry Hub, preço de referência dos EUA.

Ao mesmo tempo, investidores se movimentam para colocar de pé novos terminais de regaseificação (como a Nimofast no Paraná) ou monetizar plantas de GNL já existentes ou em fase final de construção com a venda de GNL para o mercado não-termelétrico (Eneva em Sergipe; New Fortress em Santa Catarina, e bp no Porto do Açu são exemplos).

Enfim, o Brasil não é uma ilha e, a seguir, a gas week se debruça sobre as perspectivas do mercado global de GNL.

MAIS DOIS OU TRÊS ANOS DE APERTO 

O cenário atual de aperto no mercado global da commodity ainda deve se manter pelos próximos anos.

A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) trabalha com a previsão de que o crescimento da capacidade de liquefação, associado ao declínio da demanda em mercados maduros, aliviará as tensões sobre os preços do GNL somente entre 2025/2026.

Visão parecida com a da S&P Global.

Do lado da demanda, a IEA estima que, após o seu apogeu entre 2011 e 2021, os mercados mundiais de gás entrarão num período novo e mais incerto -- e que provavelmente será caracterizado por um crescimento mais lento e uma maior volatilidade e poderá levar a um pico na demanda no fim desta década.

A IEA acredita que o consumo de mercados como Ásia-Pacífico (Austrália, Japão, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Singapura), Europa e América do Norte atingiu o pico em 2021 e deve diminuir 1% ao ano até 2026, diante da implantação acelerada de energias renováveis e ganhos de eficiência energética.

A agência lembra que, na Europa, a perda do gás russo pressionou os governos locais a procurar soluções alternativas para manter a segurança energética.

Por isso, a IEA espera que o crescimento da demanda global seja sustentado pelos mercados asiáticos (em especial a China e Oriente Médio) e África.

Do lado da oferta, a previsão é que a capacidade de liquefação cresça 25% entre 2022 e 2026 e comece, assim, a afetar a dinâmica do mercado em 2025 e 2026, aliviando parte da restrição e liberando uma demanda sensível aos preços.

A Wood Mackenzie também cita que essa nova capacidade de liquefação, no mundo, não estará disponível, em sua maior, parte, até pelo menos 2026 e que, até lá, "não há cura imediata" - ou seja, os compradores ainda enfrentarão vários anos de preços altos e voláteis antes que a próxima onda de oferta de GNL reequilibre o mercado.

Mas a chegada de mais GNL não é o fim da história. A consultoria ressalva que o investimento em nova oferta de GNL desacelerará para além de 2025, preparando o cenário para um potencial novo aperto por volta de 2030.

Ao todo, a consultoria estima que o mercado global precisará de mais 60 milhões de toneladas/ano de capacidade nova de liquefação até 2033.

UMA MUDANÇA ESTRUTURAL 

A Wood Mackenzie destaca que o mercado global de GNL mudou estruturalmente. A consultoria lembra que, no passado, a Europa proporcionava flexibilidade ao mercado, contribuindo para uma maior estabilidade:
  • em momentos de excesso de oferta, o continente reduzia as importações discricionárias de gasodutos para usar mais GNL, limitando o efeito de baixa nos preços 
  • e quando menos GNL estava disponível, a Europa recorria a mais gás importado por gasodutos e ao carvão, evitando picos de preços.
Mas com a Europa cada vez mais dependente do GNL, como alternativa ao gás russo, em momentos de aperto no mercado os preços podem ser extremamente altos, à medida que a Europa e a Ásia lutam para garantir cargas marginais. A volatilidade é hoje uma constante, cita a consultoria.

O PICO DA DEMANDA ESTÁ, DE FATO, NO HORIZONTE? 

As perspectivas da IEA, de que a demanda global por gás pode atingir o seu pico antes mesmo do fim desta década, não são um consenso.

A WoodMackenzie, por exemplo, não vê um excesso de capacidade no mercado global, mesmo com a corrida por novas plantas de liquefação no mundo.

A consultoria cita as expectativas de crescimento econômico na China e acredita numa guinada da Ásia na direção de políticas de descarbonização - o que pode aquecer a demanda pelo gás.

Além disso, a Europa também precisará de mais GNL. Embora a demanda geral de gás continue a cair, as importações de gasodutos da Noruega e Argélia diminuirão na segunda metade da década -- o que significa que as importações de GNL não atingirão o pico até por volta de 2030.

A McKinsey & Co. vai numa linha parecida: projeta que a demanda total de gás aumentará na maioria dos cenários até 2040, impulsionada em grande parte pelo papel de equilíbrio que o gás deve desempenhar para as energias renováveis até que as baterias sejam implantadas em escala.

E a Shell, uma das maiores players de GNL no mundo, também trabalha com a perspectiva de aumento do consumo de gás. O comércio global total de GNL, que atingiu 397 milhões de toneladas em 2022, segundo a companhia, deve atingir de 650 a mais de 700 milhões de toneladas por ano até 2040 -- o que justifica mais investimentos em projetos de liquefação, na visão da petroleira, compartilhada no LNG Outlook 2023, publicado no início do ano.

E A GUERRA? 

O conflito entre Israel e Hamas traz novas tensões geopolíticas para um mercado já estressado -- pelo menos desde 2021, quando, antes mesmo da guerra entre Ucrânia e Rússia, os preços do gás na Europa saltaram em resposta a uma combinação entre uma frustração nas expectativas de geração eólica e baixos níveis de armazenamento de gás no continente.

Por ora, a guerra no Oriente Médio tem causado impactos regionais no mercado de gás. Um deles a interrupção na produção no campo de Tamar, em Israel.

Com isso, Israel reduziu em 70% as exportações de gás natural, sobretudo para Jordânia e Egito -- este último um exportador de GNL.

Num cenário de aperto no mercado, contudo, qualquer solavanco é sensível. Hoje, cerca de 3% das importações de GNL europeias vêm do Egito...

Os preços da commodity reagiram aos riscos geopolíticos em outubro, mas já começam a ceder.

Os preços do gás na Europa fecharam em queda pela terceira semana consecutiva, diante de um arrefecimento na percepção de riscos sobre a oferta de gás no mercado.

O envio de gás de Israel ao Egito voltou a fluir -- embora em volumes ainda limitados.

Os riscos, porém, estão aí... Na avaliação da Bruegel, think tank de Bruxelas, um prolongamento do conflito, com limitações sobre as exportações de Israel, minaria a capacidade do Egito de satisfazer suas crescentes necessidades domésticas de gás e também afetaria suas exportações de GNL para a Turquia e vários países da União Europeia.

Fora o aumento dos riscos de segurança para os navios de GNL que passam todos os dias pelo Estreito de Ormuz e para os gasodutos internacionais na região.

"Um conflito mais amplo também aumentaria as preocupações sobre a segurança da infraestrutura que conecta os fornecedores de gás do norte da África e a Europa, adicionando incerteza e volatilidade a um mercado já apertado", cita a Bruegel.

Além disso, de acordo com a Rystad Energy, existe também um efeito a médio e longo prazos: a possibilidade de que Israel perca US$ 4 bilhões de investimentos em projetos de exploração e produção anunciados para os próximos três anos - o que "pode minar o progresso que estava sendo feito na normalização de uma região que viu significativo sucesso exploratório e a descoberta de recursos de baixo custo”.

Israel, aliás, concedeu 12 licenças a seis empresas, incluindo a bp e a Eni, para exploração de blocos offshore com potencial de produção de gás.

O governo atribui a conclusão do leilão durante o conflito com o Hamas a uma demonstração de confiança na resiliência do país.

Com informações de Epbr

COMENTÁRIOS

CANAÃ TELECOM

TÉCNICO INDUSTRIAL$type=complex$count=8$l=0$cm=0$rm=0$d=0$host=https://www.etormann.tk

Carregar todos os posts Nenhum post encontrado Ver Tudo Mais Responder Cancelar resposta Deletar Por Início Pág. Posts Ver mais Relacionadas Marcador Arquivo BUSCAR Tudo Sua busca não encontrou nada Voltar Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez agora Há 1 minuto Há $$1$$ minutos Há 1 hora Há $$1$$ horas Ontem Há $$1$$ dia Há $$1$$ Semanas Há mais de 5 semanas Seguidores Seguir Este conteúdo está bloqueado Passo 1: Compartilhe em sua rede social Passo 2: Clique no link compartilhado para retornar Copiar todo o código Selecionar todo o código All codes were copied to your clipboard Can not copy the codes / texts, please press [CTRL]+[C] (or CMD+C with Mac) to copy Súmário