Subiu para 11 o número de mortos até o momento. Os trabalhos de resgate continuam nesta sábado(8) Na manhã de sexta-feira (7/7), mais uma tr...

Subiu para 11 o número de mortos até o momento. Os trabalhos de resgate continuam nesta sábado(8)
Na manhã de sexta-feira (7/7), mais uma tragédia abalou o Estado de Pernambuco, desta vez no Grande Recife. Um edifício de três andares desmoronou no bairro do Janga, em Paulista (PE), deixando um saldo trágico. Segundo informações do Corpo de Bombeiros, até a manhã de sábado (8/7), 11 pessoas foram encontradas mortas, três foram resgatadas com vida, e três permaneciam desaparecidas. Este incidente se soma a outro ocorrido em abril na cidade vizinha de Olinda, onde um prédio também desabou, resultando na morte de seis pessoas.
As duas tragédias têm elementos em comum que são alarmantes. Ambos os prédios eram do tipo conhecido como "caixão" e já estavam interditados por apresentarem risco de desabamento. No entanto, foram ocupados por grupos de sem-teto que viviam sob constante ameaça.
Os prédios do tipo caixão são caracterizados por utilizarem "alvenaria resistente na função estrutural", ou seja, as próprias paredes sustentam a estrutura, dispensando o uso de vigas ou pilares de concreto armado. O termo caixão é uma referência ao formato retangular dessas edificações.
Esse estilo de construção tornou-se popular na Região Metropolitana do Recife a partir da década de 1970, devido à rapidez e ao baixo custo de construção. No entanto, desde os anos 1990, começaram a ocorrer desabamentos desses edifícios, com pelo menos 17 casos registrados, de acordo com o engenheiro Carlos Wellington Pires, especialista no assunto.
Visando evitar mais tragédias, a construção de prédios do tipo caixão foi proibida nas cidades do Grande Recife a partir de 2005. No entanto, um mapeamento realizado pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep) revelou a existência de cerca de 5.300 prédios construídos nesse formato na região, principalmente nas cidades de Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Paulista. Desse total, aproximadamente mil foram classificados como tendo um risco "alto" de desabamento, e 260 foram considerados de risco "muito alto".
A situação crônica dos prédios-caixão em Pernambuco resulta de uma série de fatores. Durante a expansão das cidades metropolitanas nos anos 1970, construtoras sem experiência passaram a erguer esses edifícios em grande quantidade, aproveitando seu baixo custo e alto retorno financeiro. No entanto, essas construções eram baseadas em métodos empíricos e experimentais, sem o respaldo de normas técnicas adequadas. Os engenheiros responsáveis por esses projetos muitas vezes cediam à pressão do mercado imobiliário e assinavam as plantas sem a devida segurança estrutural.

Outro problema identificado é o uso inadequado de materiais. Os prédios foram construídos utilizando blocos de vedação, principalmente de cerâmica, em vez de blocos estruturais mais resistentes, como deveria ter sido feito. Além disso, muitos desses edifícios foram erguidos em terrenos com desnível, mas as construtoras não fizeram o aterro necessário para nivelar o solo, resultando em fundações precárias.
Esses prédios estão localizados em bairros com infraestrutura deficitária de saneamento e em áreas com grande presença de água, como mangues, rios e canais. A constante exposição à água acelera a degradação das fundações dos edifícios, sem que haja sinais aparentes de perigo.
Em meio a essa realidade preocupante, moradores do conjunto habitacional do prédio que desabou no Janga expressaram temores em relação à segurança de suas próprias residências. Alguns afirmaram que desejam deixar o local, diante do número crescente de edifícios interditados e abandonados.
A prefeitura de Paulista informou que realizou inspeções em 32 edifícios do tipo caixão no bairro do Janga entre março e junho deste ano, porém, não possui autorização para despejar os ocupantes. Um relatório foi enviado ao Ministério Público para que sejam tomadas as medidas necessárias, como a demolição dessas estruturas de risco.
A tragédia no Janga ressalta a urgência de ações efetivas para resolver esse problema crônico, a fim de evitar novos desabamentos e preservar vidas. A fiscalização rigorosa, o cumprimento das normas técnicas de construção e a criação de programas de habitação adequados são medidas fundamentais para garantir a segurança da população e combater a ocupação irregular de prédios de risco..
Com informações de Record News
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