Opinião: O carro elétrico não é o futuro da nossa mobilidade

A entrevista com Aurélien Bigo traz reflexões importantes sobre o futuro do carro elétrico e sua relação com a mobilidade. Embora o carro te...

A entrevista com Aurélien Bigo traz reflexões importantes sobre o futuro do carro elétrico e sua relação com a mobilidade. Embora o carro tenha se tornado central em nossas vidas, com a maioria das famílias possuindo um, é necessário repensar sua predominância e buscar alternativas mais sustentáveis.

O carro conquistou um lugar privilegiado em nossos hábitos de mobilidade devido ao marketing da indústria automobilística, que construiu uma cultura em torno desse objeto. No entanto, essa dependência tem consequências negativas para nossa saúde, o meio ambiente e o ordenamento territorial. A infraestrutura voltada para o automóvel moldou nossas cidades e contribuiu para a expansão urbana desordenada.

Diante desses desafios, é necessário reconhecer que o carro elétrico não é a solução milagrosa para todos os problemas gerados pelo automóvel. Embora seja menos poluente em comparação com os veículos a combustão, a eletrificação por si só não resolve questões como o consumo excessivo de recursos e matérias-primas, a necessidade de infraestrutura de recarga e a dependência do automóvel.

O autor destaca a importância da sobriedade e de repensar nossos padrões de mobilidade. Devemos buscar alternativas que se adequem aos diferentes usos diários, como a utilização de bicicletas, caminhadas e transporte público para curtas distâncias, veículos intermediários para distâncias médias e opções como trem, ônibus e compartilhamento de carro para trajetos mais longos. É preciso relocalizar a economia e os estilos de vida, buscando a proximidade entre trabalho, comércio, serviços e lazer.

No entanto, é importante considerar as desigualdades e os desafios enfrentados por famílias de baixa renda e moradores de áreas rurais. Para esses grupos, a transição para uma mobilidade mais sustentável pode ser mais difícil. Portanto, políticas públicas devem ser implementadas para garantir que alternativas acessíveis e confiáveis estejam disponíveis para todos.

A luta contra a construção de novas rodovias e o redirecionamento de investimentos para outras formas de mobilidade também são destacados como medidas necessárias. O apoio incondicional do Estado ao setor automobilístico, por meio de subsídios e incentivos, deve ser revisto para direcionar recursos para soluções mais sustentáveis.

Leia a entrevista na íntegra. Acesse https://www.ihu.unisinos.br/629614-o-futuro-do-carro-e-eletrico-mas-o-carro-nao-e-o-futuro-da-nossa-mobilidade-entrevista-com-aurelien-bigo

Resumindo, o carro elétrico pode desempenhar um papel importante na transição para uma mobilidade mais sustentável, mas não devemos colocá-lo como a única solução. É necessário repensar nossos padrões de mobilidade, buscar alternativas diversas e implementar políticas públicas que promovam a sobriedade e a acessibilidade. O futuro do carro é elétrico, mas o carro não é o futuro da nossa mobilidade. Com informações de Instituto Humanitas Unisinos