Em matéria publicada na imprensa referente a nota técnica do dia 31/03, apontou para um dado muito revelador da crise da pandemia no Distrit...
Em matéria publicada na imprensa referente a nota técnica do dia 31/03, apontou para um dado muito revelador da crise da pandemia no Distrito Federal (DF). Segundo a nota, 39% da população do DF já teria sido infectada pelo novo coronavirus desde o início da pandemia. A nota técnica foi produzida por um grupo de oito pesquisadores de universidades brasileiras e de Portugal.
Na primeira quinzena de novembro de 2020 um estudo revelou que o total de infectados no DF seria de 22% da população. Depois de 5 meses, em março de 2021, esse índice praticamente dobrou saltando para 39% da população. Ainda assim esse percentual não garante a imunidade de rebanho defendida pela ala bolsonarista. A imunidade de rebanho seria garantida somente quando o percentual de contaminados ficar entre 60% e 80% da população. Um cenário de altíssimo risco para a população trabalhadora se olharmos para o número de pessoas que já morreram até agora.
Atualmente os dados oficiais trazem o número de 345 mil infectados e 6,1 mil mortos no DF. Com um total aproximado de 3.055.149 habitantes, 39% da população corresponderia a 1.191.508 pessoas infectadas desde o início da pandemia em 2020, número 3,45 vezes maior do que o registrado oficialmente.
Com esses valores o Distrito Federal aparece em terceiro lugar na lista das maiores taxas de infecção do país. O estado do Rio de Janeiro também está em terceiro lugar atrás somente dos estados do Amazonas, com 46%, e do Mato Grosso, com 44% da população infectada.
Foi possível chegar a esses percentuais por meio de cálculos de taxa de transmissão do vírus e os pesquisadores apresentam duas formas de calcular essa taxa. A primeira forma é pelo número de casos confirmados e a segunda é pelo número de mortes. No primeiro obtiveram uma taxa de 0,97 e no segundo de 1,36. O primeiro valor mostra-se muito menor devido à elevada subnotificação de casos e baixíssima testagem da população.
Em relação a esse tópico, mesmo que a nota diga que “é importante ressaltar que o valor obtido com a série de mortes é muito mais confiável do que o obtido com a de casos”, é necessário ter em conta outros estudos recentes que indicam também a subnotificação de mortos por covid-19 no país. Recentemente tornou-se público um estudo, cuja matéria da BBC pode ser lida aqui, que no lugar de 300 mil mortos nós já teríamos pelo menos 410 mil.
Nesse trágico cenário, o estudo apresenta também as projeções de números de mortos por covid-19 no DF até setembro de 2021 fazendo uma relação com a quantidade da população vacinada no mesmo período. Isso porque a vacinação da população, como medida isolada, não garante imediatamente a contenção do vírus. Se apenas a população acima de 60 anos estiver imunizada a capital atingirá cerca de 10 mil mortos. Contudo, se toda a população for vacinada o número de óbitos cairia para pouco mais de 8 mil. Se levarmos em consideração aquele outro estudo sobre a subnotificação de óbitos, atualmente o DF já teria o que esse estudo projeta para o mês de setembro mesmo com toda a população imunizada.
E a vacinação de toda a população de DF até setembro é mais que otimismo, é impraticável se pouco ou nada continuar a ser feito até lá.
Algumas ponderações sobre a matéria e o estudo técnico
Até o momento da publicação desta matéria, na falta de acesso à última nota técnica lançada, de 31/03/2021, fez-se consulta a nota técnica anterior, de 11 dias antes. Nessa outra nota os números diferem pouco, apresentando 34% de taxa de contaminação até dia 20 de março de 2021. As conclusões e recomendações também seguem o que foi exposto na matéria da grande imprensa e sobre isso cabem algumas considerações. Veja a nota técnica de 01/3/2021
As notas técnicas produzidas pelo grupo não têm periodicidade fixa. Desde o início da pandemia, foram produzidas mais de 10 e, agora, a equipe está fazendo também notas para cada um dos estados e o Distrito Federal.
Dois aspectos principais se destacam nas conclusões dos pesquisadores:
1) A importância do isolamento social como ferramenta crucial para combater a disseminação do novo coronavirus
2) A importância da vacinação em massa da população, principalmente da parcela da população que tem maior importância na disseminação do vírus que são os trabalhadores.
Um terceiro aspecto apontado, não menos importante mas que não será tratado aqui, foi a questão da abertura das escolas e a disseminação do vírus, apontando para o aumento expressivo de casos em locais onde a abertura aconteceu antes da vacinação em massa da população.
Tanto a matéria como o estudo dão maior evidência à importância do isolamento social trazendo como argumento que em lugares onde a população praticou o isolamento social os números de infectados caíram de maneira expressiva. É preciso destacar que o isolamento social praticado até hoje no país é um fracasso. A parcela da população que tem condições econômicas para praticar esse isolamento é minoritária, e a parcela que efetivamente o pratica é ainda menor.
Com o número atual de população desempregada é impossível obrigar a que todos fiquem em casa e de fato a política dos governadores e prefeitos não tem se voltado a isso. Até o momento a única política de isolamento colocada em prática, na forma de repressão à classe trabalhadora, é de madrugada e finais de semana, enquanto que durante a semana, das 6h às 20h, a população se aglomera em ônibus e metrôs. Sem auxílio financeiro digno não existe a mínima condição de manter as pessoas em casa.
O segundo aspecto apontado no estudo e pouco abordado na matéria é a importância da vacinação em massa. Os pesquisadores atrelam a eficácia da política de vacinação ao isolamento, mas alertam o que já ficou nítido para a população: é necessário vacinar com urgência a parcela da população que tem contato com maior número de pessoas que a média da população, como professores, condutores de transporte público, caixas de supermercado, caixas de banco. Ou seja, os trabalhadores em geral que tem se exposto à morte diariamente para não morrerem de fome.
O estudo traz outras recomendações que estão longe de serem praticadas pelos governos burgueses, como a implementação de logística de compra e fabricação de vacinas, o estabelecimento de uma coordenação central para monitorar a fabricação, compra e planejamento de vacinação em cada Estado e cidades. Entre muitas outras.
Contudo, no atual cenário de crise econômica e social as soluções colocadas na mesa pela burguesia passam longe de qualquer recomendação razoável de técnicos e especialistas. Os governos burgueses propõem de forma demagógica o isolamento social em horários de lazer e programas completamente furados de vacinação sem vacinas disponíveis.
1) A importância do isolamento social como ferramenta crucial para combater a disseminação do novo coronavirus
2) A importância da vacinação em massa da população, principalmente da parcela da população que tem maior importância na disseminação do vírus que são os trabalhadores.
Um terceiro aspecto apontado, não menos importante mas que não será tratado aqui, foi a questão da abertura das escolas e a disseminação do vírus, apontando para o aumento expressivo de casos em locais onde a abertura aconteceu antes da vacinação em massa da população.
Tanto a matéria como o estudo dão maior evidência à importância do isolamento social trazendo como argumento que em lugares onde a população praticou o isolamento social os números de infectados caíram de maneira expressiva. É preciso destacar que o isolamento social praticado até hoje no país é um fracasso. A parcela da população que tem condições econômicas para praticar esse isolamento é minoritária, e a parcela que efetivamente o pratica é ainda menor.
Com o número atual de população desempregada é impossível obrigar a que todos fiquem em casa e de fato a política dos governadores e prefeitos não tem se voltado a isso. Até o momento a única política de isolamento colocada em prática, na forma de repressão à classe trabalhadora, é de madrugada e finais de semana, enquanto que durante a semana, das 6h às 20h, a população se aglomera em ônibus e metrôs. Sem auxílio financeiro digno não existe a mínima condição de manter as pessoas em casa.
O segundo aspecto apontado no estudo e pouco abordado na matéria é a importância da vacinação em massa. Os pesquisadores atrelam a eficácia da política de vacinação ao isolamento, mas alertam o que já ficou nítido para a população: é necessário vacinar com urgência a parcela da população que tem contato com maior número de pessoas que a média da população, como professores, condutores de transporte público, caixas de supermercado, caixas de banco. Ou seja, os trabalhadores em geral que tem se exposto à morte diariamente para não morrerem de fome.
O estudo traz outras recomendações que estão longe de serem praticadas pelos governos burgueses, como a implementação de logística de compra e fabricação de vacinas, o estabelecimento de uma coordenação central para monitorar a fabricação, compra e planejamento de vacinação em cada Estado e cidades. Entre muitas outras.
Contudo, no atual cenário de crise econômica e social as soluções colocadas na mesa pela burguesia passam longe de qualquer recomendação razoável de técnicos e especialistas. Os governos burgueses propõem de forma demagógica o isolamento social em horários de lazer e programas completamente furados de vacinação sem vacinas disponíveis.
Acompanhe também as notas técnicas da Fiocruz em https://bigdata-covid19.icict.fiocruz.br/ e saiba mais sobre esse tema.
Com informações do Metrópoles, DCO, CB e BBC
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