Adeptos do escotismo reuniram-se ontem na Praça do Cruzeiro, para celebrar o início das atividades de 2017. O evento atraiu cerca de 1,2 mi...
Adeptos do escotismo reuniram-se ontem na Praça do Cruzeiro, para celebrar o início das atividades de 2017. O evento atraiu cerca de 1,2 mil pessoas e homenageou a organização, que defende ideais como cortesia, lealdade, solidariedade e honestidade
Muitas pessoas associam a imagem de escoteiros ao estereótipo apresentado na televisão e no cinema. Porém, a atuação do movimento escotista vai muito além de vender biscoitos de porta em porta e ajudar idosos a atravessar a rua. Para marcar o início das atividades de 2017, cerca de 1,2 mil escoteiros se reuniram ontem na Praça do Cruzeiro, para participar da abertura regional da União dos Escoteiros do Brasil.
O diretor presidente regional da União dos Escoteiros do Brasil, Márcio Albuquerque, destaca que este é um movimento de paz e representa a maior organização não governamental do planeta. Ao todo, são 44 milhões de escoteiros no mundo, distribuídos em mais de 200 países. “Nosso maior objetivo é promover a paz e levar para a sociedade um jovem líder, atuante na comunidade”, garante Márcio. Entre os valores fundamentais que são transmitidos pela organização estão a cortesia, a lealdade, a solidariedade e a honestidade.
Márcio Albuquerque está no movimento escoteiro há mais de 30 anos e defende que os princípios aprendidos durante essa vivência foram essenciais na vida adulta. Os amigos não entendem e questionam por que ele ainda participa “se já está velho”. O programa educativo dos escoteiros recebe crianças e jovens dos seis aos 21 anos. Depois dessa idade, o adulto tem a possibilidade de atuar como voluntário.“Essa foi a minha escolha. Quero contribuir para a vida dos jovens, assim como outros adultos contribuíram para a minha”, explica o atual diretor presidente da União dos Escoteiros.
Atualmente, existem 90 mil escoteiros no Brasil e, mesmo em tempos de internet e de smartphones, a procura pelo escotismo aumentou. O crescimento registrado é de 12% ao ano. O presidente tem a impressão de que as famílias estão buscando, cada dia mais, atividades que tragam uma ampliação de valores para os filhos. Para Márcio, a tecnologia é aliada dos escoteiros. “Nós estamos sempre nos adaptando, a única coisa que não muda são os nossos princípios. É importante manter o movimento adequado à realidade dos jovens”, disse. Um exemplo disso é a bússola. Os escoteiros ainda têm aulas para aprender a se orientar usando o aparelho, mesmo que utilizem a tecnologia GPS.
O uniforme de escotista é um diferencial: o lenço amarrado no pescoço é mundialmente reconhecido.
Os lenços são únicos, cada grupo tem o seu e não podem existir dois modelos iguais. Além disso, os trajes são importantes para os escotistas exibirem os distintivos de especialidade que eles conquistam ao longo da “carreira”. São mais de 200 especialidades, por exemplo, cozinheiro e mecânico. “Com essas conquistas, a gente consegue fomentar o potencial de cada jovem. É uma maneira de mantê- los motivados”, acrescenta Márcio.
Confraternização
O sol intenso não desanimou os escotistas e eles encheram a Praça do Cruzeiro. A abertura foi ainda mais especial para o pequeno Arthur de Moura, 10 anos. Ele foi homenageado com o distintivo Cruzeiro do Sul, o reconhecimento mais alto para os membros de 6 a 10 anos — os chamados Lobinhos. “Descobri graças à minha mãe, ela que me trouxe para conhecer os escoteiros. Eu fiquei impressionado e achei muito legal”, contou, feliz com o reconhecimento.
Isadora Neves Tormann, 13 anos, segue o exemplo de seu pai, Emerson Tormann, que foi escoteiro por quase 10 anos. Mas seu ingresso no Grupo Escoteiro Gavião Real se deu por um convite de um colega de escola. "Meu pai sempre contava que tinha aprendido diversas técnicas de sobrevivência enquanto foi escoteiro no Rio Grande do Sul. E ficou muito feliz quando contei que tinha sido convidada a participar do grupo", conta.
Pedro Henrique Luminati, 19 anos, não tem histórico de familiares escoteiros. Quem apresentou a organização, há nove anos, foi um amigo do prédio em que mora. Ele já está na faculdade cursando engenharia e garante que se esforça para conciliar as responsabilidades e atribuições da vida adulta com as atividades de escotista. “Com os escoteiros, aprendi muitos ensinamentos que não me ensinaram em casa ou até mesmo na escola”, destaca. Por acreditar nos valores que aprendeu, Pedro Henrique fez questão de incluir no currículo que é membro ativo dos escoteiros do Brasil.
Manuela Pereira, 11 anos, vem de uma família de escoteiros. A mãe e o pai participavam da organização e, há três anos, ela decidiu que queria seguir o mesmo caminho. Muito orgulhosa, ela exibe o distintivo da especialidade de dança na manga do uniforme. Manu faz parte do grupo de dança de cadeirantes. As lições aprendidas nos fins de semana são perceptíveis na escola. Manuela é uma aluna concentrada e tem facilidade para fazer novos amigos. Quando questionada sobre o aprendizado mais importante dos últimos três anos, ela cita o lema dos lobinhos: “Fazer o melhor possível”.
Organização criada na Inglaterra
O movimento escoteiro foi fundado em 1907, pelo ex-general Robert Baden-Powell, depois de ele se afastar do Exército da Inglaterra. Apesar de ser militar, ele não quis deixar como herança para o movimento características das Forças Armadas, mas aproveitou técnicas que seriam úteis no desenvolvimento dos jovens para criar um movimento educacional. Em 17 de abril de 1910, o navio Encouraçado Minas Gerais chegava ao Brasil, vindo da Europa, com um grupo de oficiais que trazia uniformes e acessórios de escoteiros, depois de acompanhar o enorme sucesso que Baden-Powell fazia na Inglaterra. O lenço que simboliza o Brasil é reconhecido nos encontros internacionais e os estrangeiros fazem ofertas para comprar o acessório. Segundo os escotistas,isso acontece porque o país é muito querido. Os escoteiristas se cumprimentam usando a mão esquerda, em sinal de respeito.
FONTE: CB
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