Arredio e infiel, mas nem tanto. O fim da temporada de convenções mostra que o PMDB apoiará Dilma Rousseff - seja com candidato próprio ou ...
Arredio e infiel, mas nem tanto. O fim da temporada de convenções mostra que o PMDB apoiará Dilma Rousseff - seja com candidato próprio ou integrando a coligação - em palanques exclusivos da reeleição à presidente em 12 Estados que reúnem 57,2% do eleitorado nacional.
Essa é a principal escolha do PMDB, no plano nacional, para as eleições de outubro. A segunda opção - na fragmentada estratégia dos pemedebistas - é pelos palanques que apoiarão exclusivamente Aécio Neves (PSDB), que reúnem cinco Estados com 14% do eleitorado.
Em terceiro lugar, está a participação em campanhas a governador que se dividirão entre Dilma e Aécio, em dois Estados que têm 11,5% dos eleitores do país. Um deles é Goiás e o outro o Rio de Janeiro, que se tornou o epicentro da turbulência que chamou atenção para a infidelidade do PMDB ao PT e a seu líder nacional, o vice-presidente da República Michel Temer.
O balanço das convenções indica que a traição é menor do que se esperava, especialmente se seu significado for levado ao pé da letra. O PMDB dará palanque exclusivo a Eduardo Campos (PSB) no Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Sul, com 7,2% do eleitorado nacional. Nos dois Estados, petistas e pemedebistas são adversários históricos.
A quinta opção do PMDB é o apoio a chapas divididas entre as candidaturas de Aécio e Campos, presentes em três Estados, com 6,36% dos votantes do país.
O sexto maior apoio, de acordo com o tamanho do eleitorado, é de candidatos a governador do PMDB que abrirão seus palanques para Dilma e Campos, em Sergipe e Rondônia, que contam com 1,8% do total nacional.
A sétima e última opção é a oferta de um palanque triplo, que ocorrerá no Rio Grande do Norte (1,6%), onde o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, tenta se eleger governador depois de 11 mandatos consecutivos - ou 44 anos - na Casa.
Das 12 unidades da Federação onde o PMDB apoiará Dilma exclusivamente, em oito (SP, PR, PA, MA, PB, AM, AL, TO) a legenda o fará com candidato próprio. Nas demais quatro, a sigla estará coligada a chapas encabeçadas por três petistas (Minas Gerais, Mato Grosso e Distrito Federal) e ao PSD do governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo.
Dos cinco Estados pró-Aécio, em dois o protagonista será um candidato do próprio PMDB, no Ceará e no Espírito Santo, e em três o apoio é indireto, por meio de concorrentes do DEM, na Bahia; do PDT, no Amapá; e do PSDB, sigla do presidenciável, no Acre.
Nos três palanques onde pemedebistas estarão com Aécio e Campos, em dois deles a chapa é encabeçada por candidatos do PSB, em Pernambuco e Roraima, e no terceiro por um governador filiado à agremiação, Zé Filho, do Piauí.
O descontentamento do PMDB na aliança com o PT no governo federal ficou claro na convenção nacional da legenda. A expectativa da cúpula era que até 80% dos delegados votassem a favor à reedição da chapa Dilma/Temer para a Presidência da República. Mas o resultado foi de 59% - percentual, aliás, semelhante aos 57,2% de eleitores nos Estados onde a sigla fará campanha exclusiva à reeleição.
Como Dilma ainda terá defensores do PMDB nas cinco unidades da Federação onde os palanques serão divididos com os adversários - e que reúnem quase 15% dos eleitores - a presidente deverá contar as forças do maior parceiro de sua coalizão de governo para atingir dois terços do eleitorado brasileiro, considerando que metade dos 15% compartilhados migre para sua campanha.
Conhecida por seu apetite regional, a máquina pemedebista é a que terá o maior número de candidatos a governador, entre os grandes partidos: 18. Em seguida, vêm o PT (16), o PSDB (12) e o PSB (11). Apesar disso, são os concorrentes do PT que levarão o nome e o número da legenda a um maior eleitorado. Concentrados nos maiores Estados, abrangerão 79% dos eleitores. Na sequência, aparecem o PMDB (70%), o PSDB (56%) e o PSB (37%). Quando filtradas pelas candidaturas com maior poder de fogo, o PMDB volta a liderar. Atualmente, tem nomes competitivos que podem vencer em Estados com até 62% do eleitorado, à frente de PT (48%), PSDB (47%) e PSB (17%).
Fonte: Valor Econômico S.A. .
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